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Britânicos entram no lítio em Portugal
Em menos de um ano é a segunda multinacional a entrar em Portugal à procura de lítio para uso em baterias na zona de Barroso, depois da australiana Dakota Minerals.
A empresa mineira Savannah, sediada em Londres, tornou-se no mais recente operador a entrar na prospecção de lítio em Portugal, o mineral metálico usado no fabrico de baterias usadas na electrificação automóvel e doméstica.
A companhia anunciou esta quinta-feira, 25 de Maio, a compra de uma posição maioritária de 75% na Slipstream Investments, a empresa que detém os direitos de exploração de quartzo, feldspato e lítio na Mina do Barroso, concelho de Boticas, Trás-os-Montes.
A mina terá já um plano mineiro aprovado, além do estudo de impacte ambiental e licença válida por 30 anos desde a data de concessão, até 2036. E será "um dos mais avançados projectos de desenvolvimento de lítio na Europa com maior potencial de rapidamente passar à fase de produção."
Multinacionais no Barroso
Em menos de um ano é a segunda multinacional a entrar em Portugal à procura de lítio para uso em baterias na zona de Barroso, depois da australiana Dakota Minerals. Segundo dados da Direcção Geral de Energia e Geologia, citados pelo Público esta semana, o recurso inferido para a região do Barroso/Alvão é de 14 milhões de toneladas de minério com teor médio de 1% de lítio.
"A Savannah Resources Plc está a preparar-se para se tornar num produtor substancial de lítio para baterias com a compra de um activo próximo da fase de produção em Portugal. (…) Acreditamos que a prospecção na Mina do Barroso pode transformar a indústria europeia do lítio ou a indústria de veículos eléctricos, ao tornar-se no primeiro produtor de lítio de qualidade para baterias na Europa," lê-se no comunicado.
O documento refere ainda que o teor de lítio identificado nas sondagens já realizadas (mais de 6% de óxido de lítio) indica a elevada possibilidade de produção de concentrado limpo daquele mineral. Até ao final de 2018, a empresa espera tomar a decisão de avançar para produção.
Negócio pode superar 6 milhões de euros
Se vier a ser comprovada a viabilidade de extracção – nomeadamente o potencial de 7,5 milhões de toneladas de mineral com um teor de óxido de lítio não inferior a 1% - as três fases de pagamento ao vendedor levarão a cifrar este negócio em 10,1 milhões de dólares australianos (6,72 milhões de euros à cotação actual), entre pagamentos em dinheiro (2,66 milhões de euros) e em acções (60 milhões de novas acções, avaliadas em cerca de 4 milhões de euros).
A primeira transacção já implicou o pagamento pela Savannah de 1 milhão de dólares australianos (cerca de 665 mil euros à cotação actual), além da emissão de 20 milhões de novas acções. Não são avançados valores para investimentos futuros na exploração.
A 14 de Março deste ano, o Diário da República dava conta que a Imerys Ceramics Portugal tinha transmitido a sua posição contratual na Mina do Barroso para a Slipstream Resources Portugal Unipessoal, Lda, sediada em Braga e de origem australiana. Os trabalhos anteriormente desenvolvidos no local previam o uso de minerais na produção de cerâmicas (em que o lítio ajuda a baixar o ponto de fusão das pastas, reduzindo o gasto de energia) e não no mercado de baterias.
Portugal depois de Moçambique, Omã e Finlândia
A Savannah tem, além da operação agora comprada em Portugal, projectos em curso em Moçambique (na Mutamba, em consórcio com a Rio Tinto, para a exploração de areias pesadas e extracção de metais como ilmenite, rútilo e zircão), em Omã (exploração de ouro e cobre) e na Finlândia, onde desenvolve dois projectos também de prospecção de lítio.
O maior accionista da empresa é a Al Marjan, com 29,9% do capital. A Savannah está cotada em Londres, na AIM, onde de acordo com a Bloomberg apresenta uma capitalização bolsista de 30,2 milhões de libras. Na sessão desta quinta-feira, os títulos seguem inalterados nos 5,875 pence, em máximos de três meses, depois de ontem terem subido 4,44%.