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Gás natural usado para produzir energia atinge "valor mais elevado de sempre"

Em 2022, a produção não renovável foi responsável por 33% do consumo de energia em Portugal. Nas renováveis, a eólica representou 25%, a hidroelétrica 12%, a biomassa 7% e a fotovoltaica 5%. 

Fotogaleria: Novo terminal de gás da REN em Sines
03 de Janeiro de 2023 às 17:42
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De acordo com os números da REN - Redes Energéticas Nacionais, divulgados esta terça-feira, em 2022 o consumo de energia em Portugal regressou finalmente aos níveis de 2019, pré-pandemia, mas com uma diferença significativa: as renováveis em baixa e o gás natural usado para produzir eletricidade a atingir o seu "valor mais elevado de sempre". 

No ano passado, o mercado de gás natural registou então um consumo de 61,8 TWh, -3,2% face a 2021, resultado de uma queda de 19% no segmento convencional que acabou por ser compensada por um "crescimento de 26% no segmento de produção de energia elétrica".

"O consumo global de gás natural registado em 2022 foi o mais baixo desde 2016, apesar de o segmento de mercado elétrico ter registado o valor mais elevado de sempre", revela a REN.
 
O abastecimento do sistema nacional de gás em 2022 foi feito maioritariamente a partir do terminal de GNL de Sines, 94%, com os restantes 6% abastecidos a partir da interligação com o sistema espanhol. 

E se 2022 foi o ano em mais gás se usou para produzir eletricidade, esse recorde acabou por ter efeito no mix energético nacional, com a produção não renovável responsável por 33% do consumo, enquanto o saldo importador abasteceu 18% desse mesmo consumo, "tratando-se da percentagem mais elevada desde 2008".
 
De acordo com dados da REN, analisados pela APREN, até novembro, o gás natural dominava como principal origem da eletricidade produzida em Portugal (33,9%), seguido da energia eólica (29,2%) e da hídrica (11%), no top 3.  

Somando os números do último mês do ano, é possível verificar que a produção renovável abasteceu, ainda assim, grande parte do consumo nacional (49%), com a eólica a representar 25%, a hidroelétrica 12%, a biomassa 7% e a fotovoltaica 5%. 
 
"Com exceção dos últimos dois meses do ano, as afluências muito reduzidas levaram a uma descida de 35% da produção anual hidroelétrica. Em sentido inverso está a fotovoltaica que, graças ao aumento progressivo da capacidade instalada, cresceu 48%", revela a REN em comunicado.  
 
Em dezembro, e graças à forte precipitação que se fez sentir, a produção renovável disparou e abasteceu 81% do consumo (incluindo a exportação) e a não renovável apenas os restantes 19%. O saldo mensal foi, pela primeira vez este ano, exportador, equivalendo a 12% do consumo nacional.

No acumulado do ano de 2022, o consumo de energia elétrica atingiu 50,4 TWh, +1,8% face a 2021, ou +2,4% com a devida correção dos efeitos de temperatura e número de dias úteis, regressando assim aos valores registados em 2019.

Em dezembro, devido às temperaturas acima dos valores médios, o consumo caiu 1,7%, corrigindo para +0,5%, considerando os efeitos da temperatura e dias úteis.
 
Quanto ao gás, no último mês do ano manteve a tendência negativa que se registou nos últimos meses, com uma quebra homóloga global de 17%, e com os segmentos convencional e mercado elétrico a registarem quedas de 14% e 22% respetivamente.

Em Espanha, um em cada quatro quilowatts de eletricidade veio do gás

Tambem em Espanha se verificou o mesmo cenário. De acordo com o Diario Nius, um em cada quatro quilowatts de eletricidade no país foi gerado a partir de gás natural em 2022. Pela primeira vez em 13 anos, o gás ultrapassou a energia eólica e tornou-se na principal fonte da eletricidade gerada no país vizinho.

Por seu lado, também a energia solar registou um bom ano em Espanha, tendo fechado 2022 com 4.000 MW potência conectados à rede nacional (excluindo o autoconsumo). O equivalente a novo reator nuclear, refere o Diario Nius. Tudo isto se traduziu num aumento de 32% na geração fotovoltaica.

Quanto ao mecanismo ibérico, do lado de lá da fronteira ajudou a baixar os preços do gás em 40% desde junho mas também acabou por ter "efeitos colaterais indesejados: queimou-se ainda mais gás". 

No que diz respeito à energia hídrica, e tal como em Portugal, Espanha viveu o pior ano hídrico já registado desde 2007. Em toda a Península Ibérica a culpa é da seca e a energia hídrica contribuiu com apenas 6,4% dos quilowatts em 2022, quando a média dos últimos cinco anos foi de 10,6% em Espanha. 22% dos quilowatts foram fornecidos pela energia eólica.

Conclusão: o país teve de queimar mais gás para produzir eletricidade e o mesmo aconteceu graças às exigências de importação tanto do lado de Portugal como de França. 

"O nosso país nunca tinha exportado tanta energia como em 2022, sobretudo para França e Portugal. Havia apenas uma maneira de atender a esta procura crescente: queimando mais gás", escreve o Diario Nius.
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