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Consumo de gás natural cai 21% para o valor mais baixo desde 2016

O primeiro semestre do ano ficou marcado pela queda significativa do consumo de gás natural em Portugal e pelo facto de os Estados Unidos terem assumido a liderança no aprovisionamento de gás ao país.

Portugal recebe a maioria das importações de gás via Porto de Sines.
Luís Guerreiro
04 de Julho de 2023 às 12:57
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De acordo com os mais recentes números da Adene - Agência para a Energia, o consumo acumulado anual de gás natural caiu 21,1% no primeiro semestre de 2023 em Portugal, face ao período homólogo do ano passado, resultado de quebras de 4,9% no segmento convencional e de 42% no mercado elétrico.

Entre janeiro e junho o consumo de gás natural foi de 24.579 GWh, face aos 31.161 GWh registados no mesmo espaço de tempo em 2022. Trata-se do consumo mais baixo desde 2016 para o primeiro semestre do ano, sublinha a REN - Redes Energéticas Nacionais.

Também na primeira metade deste ano reduziu-se a percentagem de gás natural usado para a produção de energia elétrica nas centrais de ciclo combinado para a produção de eletricidade, responsável por 32,3% do consumo total, sendo os restantes 67,7% destinados ao mercado convencional.

Isto representa uma redução considerável (de mais de 10 pontos percentuais) face ao mesmo período do ano passado, quando 43,8% do consumo de gás era ainda destinado à produção de eletricidade e 56,2% ao mercado convencional. 

Os dados da Adene mostram também que no primeiro semestre do ano os EUA lideraram o fornecimento de gás natural a Portugal com uma quota de 43,5%, seguindo-se a Nigéria (42,7%), a Rússia (8,1%) e o gás importado através das interligações com Espanha (5,7%).

Em 2022, quem liderava o fornecimento de gás natural era a Nigéria com uma quota de 52,4%, seguindo-se os EUA (30,3%), Trinidad e Tobago (11,0%), Rússia (6,1%) e interligações com Espanha (0,3%).

No que diz respeito à energia elétrica, refere ainda a Adene, no primeiro semestre o consumo totalizou 25.238 GWh, valor idêntico ao período homólogo. As energias renováveis abasteceram 60,7% do consumo de eletricidade em Portugal (eólica 24,9%, hídrica 23%, solar fotovoltaico 7% e biomassa 5,9%), cabendo 20% ao saldo importador e 19,3% às fontes fósseis (essencialmente gás natural). 

Nestes seis meses destacam-se sobretudo a produção de energia eólica e hídrica que abasteceram aproximadamente 48% do consumo de eletricidade, o que permitiu uma queda acentuada de cerca de 39% do consumo de gás natural para a produção de eletricidade.

Em junho, o consumo de energia elétrica registou um crescimento homólogo de 0,5% no mês de junho, impulsionado pelas temperaturas acima da média. mostram por seu lado os dados da REN - Redes Energéticas Nacionais. Já com a devida correção dos efeitos de temperatura e número de dias úteis, verifica-se que o consumo neste mês recuou 1,3%.

No mês passado, a produção renovável abasteceu 46% do consumo e a produção não renovável e a energia importada 27% cada.
  
Já no mercado de gás natural registou-se uma variação negativa homóloga em junho de 19%. O segmento de consumo convencional recuou 6,5% e o segmento de produção de energia elétrica caiu 32%.

Esta quebra no segmento de produção de energia elétrica deveu-se à maior disponibilidade de energia renovável, dado que não se verificou uma alteração significativa do saldo importador. Em junho o abastecimento nacional efetuou-se integralmente a partir do terminal de GNL de Sines, com o saldo de trocas através da interligação com Espanha a registar exportações equivalentes a cerca de 22% do consumo nacional.
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