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Parceiros da Mota-Engil na EGF levam coima de 23 milhões em Espanha

A Urbaser, que integra o consórcio SUMA, foi a empresa que teve a maior condenação num processo da CNMC que concluiu que durante vários anos houve práticas de concertação no mercado espanhol de gestão de resíduos.

Correio da Manhã
27 de Janeiro de 2015 às 13:21
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A Urbaser, empresa do grupo ACS que opera na gestão de resíduos e que é parceira da Mota-Engil no consórcio SUMA, foi condenada pela autoridade espanhola da concorrência a pagar uma coima de 23 milhões de euros, num processo relativo a práticas concertadas de repartição do mercado de gestão de resíduos e saneamento.

 

A Urbaser integra, juntamente com a Mota-Engil, o consórcio SUMA, que ganhou no ano passado o processo de privatização da EGF – Empresa Geral de Fomento, a gestora de resíduos do grupo Águas de Portugal. Nesse concurso a SUMA levou a melhor sobre os restantes concorrentes, entre os quais a espanhola FCC, apresentando uma oferta de 149,9 milhões de euros, além de assumir a dívida da EGF.

 

A CNMC – Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência, entidade congénere da Autoridade da Concorrência (AdC), decidiu agora, após uma investigação ao sector dos resíduos, condenar um conjunto de 39 empresas e três associações ao pagamento de multas de 98,2 milhões de euros.

 

Em comunicado, a CNMC diz que "considera provada a existência de uma prática concertada global de repartição do mercado, segundo a qual as empresas sancionadas respeitariam os clientes dos concorrentes, tanto públicos como privados, repartiriam os novos e trocariam informação comercial sensível".

 

A Urbaser acaba por ser a empresa que leva a maior penalização: 23,2 milhões de euros. A CNMC aplicou ainda outras multas milionárias, como os 15,3 milhões de euros à empresa Valoriza, os 16,9 milhões de euros à FCC, 13,6 milhões à Cespa, entre outras.

 

A FCC e a Urbaser estabeleceram acordos de cooperação com âmbitos de actividade e de geografias distintos. Esta colaboração foi tão intensa e variada, e produziu-se em casos tão diferentes, que foi além da cooperação legítima que pode haver entre dois concorrentes num mercado competitivo.
 
CNMC - Comissão Nacional dos Mercados e da Concorrência de Espanha

 

No relatório que enquadra a decisão, a CNMC cita vários exemplos de cooperação entre concorrentes que, no seu entender, está para lá do que seria normal. Um desses exemplos junta a FCC e a Urbaser (empresas que em Portugal concorreram, separadamente, para comprar a EGF).

 

"De facto, a FCC e a Urbaser estabeleceram acordos de colaboração com âmbitos de actividade e de geografias distintos. Esta colaboração foi tão intensa e variada, e produziu-se em casos tão diferentes, que foi além da cooperação legítima que pode haver entre dois concorrentes num mercado competitivo", lê-se no relatório da CNMC.

 

O relatório cita também um documento de 20 de Outubro de 2011 relativo a um acordo que envolvia a prestação de serviços na cidade de Marbella. "Ampliou-se o âmbito geográfico às cidades autónomas de Ceuta e Melilla, estendeu-se a sua duração (cinco anos) e retocou-se o parágrafo correspondente à zona excluída do acordo, eliminando a referência à existência do outro acordo (por razões de concorrência) e referindo mais correctamente o sistema de incineração. Diz-me algo para enviar à Urbaser", refere um "e-mail" que consta do relatório da CNMC.

 

Em Portugal, a AdC manifestou no ano passado preocupação com a forma como o Governo privatizou a EGF, alienando em bloco a empresa de gestão de resíduos, em vez de vender as várias concessões regionais em separado, como a AdC defendia.

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