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Grupo Dia entra em falência técnica. Deve receber aumento de capital até abril

O grupo que em Portugal detém a cadeia de supermercados Minipreço e as lojas Clarel passou de lucros de 100 milhões de euros a prejuízos de mais de 350 milhões no ano passado. O Dia vai despedir 2.100 colaboradores.

Bloomberg
08 de Fevereiro de 2019 às 10:04
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O grupo espanhol Dia passou de lucros de mais de 100 milhões em 2017 a prejuízos de 352,6 milhões no ano passado, entrando em falência técnica neste período. Para reverter a situação é agora necessário um aumento de capital, uma operação que a empresa prevê que se realize até ao mês de abril. 

De acordo com Borja de la Cierva, presidente executivo do grupo, "2018 foi um ano turbulento para o Dia, provavelmente o mais difícil desde a fundação da empresa há mais de 40 anos. Os números apresentados e, em particular, os resultados de 2018, são um claro indicador de que o nosso desempenho não alcançou as expectativas". 

As vendas brutas do grupo situaram-se nos 9.390 milhões de euros, menos 14,9% relativamente ao ano anterior, refere a empresa num comunicado. Isto depois de os negócios da Clarel e Max Descuento terem sido descontinuados e incluindo o impacto cambial da depreciação do peso argentino e do real brasileiro. Sem este efeito, as vendas retrocederam 0,9%.

Em Portugal, onde o retalhista iniciou os testes de comércio online, as vendas brutas caíram 3,1%, cifrando-se em  808 milhões de euros.


Com a quebra dos resultados e das vendas, os capitais próprios entraram em terreno negativo (-166 milhões de euros) no mesmo período, em que a dívida chegou aos 1.452 milhões de euros, 506 milhões mais do que final de 2017. Esta entrada em falência técnica obriga agora a um reforço do capital.

"O aumento de capital deve acontecer até meados de abril", afirmou Enrique Weickert, administrador financeiro da empresa, na "conference call" com analistas, citado pela Bloomberg. A administração deve apresentar o plano para o aumento de capital até março, "independentemente da oferta lançada pelo acionista LetterOne".

Foi na terça-feira que o milionário russo Mikhail Fridman lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre os 70,99% do grupo espanhol Dia que não controla. 

Caso seja bem-sucedida, Fridman passará a controlar 64,5% do grupo e já indicou ter a intenção de o retirar de bolsa e proceder a um aumento de capital de 500 milhões de euros.

Empresa vai despedir 2.100 colaboradores


A empresa anunciou ainda que vai pôr em marcha um despedimento coletivo para 2.100 colaboradores. Uma decisão que o conselho de administração vai agora comunicar à comissão de trabalhadores. No final de 2018, trabalhavam no grupo 40.384 pessoas, face a 41.554 no ano anterior.

Segundo o grupo, o objetivo é "garantir a sustentabilidade futura da empresa e reforçar a posição global". 


Os resultados estão a pressionar as ações do Dia, que chegaram a recuar 6% durante a sessão. No ano passado, os títulos sofreram uma desvalorização de 89%, o que acabou por ditar a sua saída do índice Ibex 35, o principal da bolsa de Madrid.

 

Após duas mudanças de CEO no espaço de quatro meses, o grupo espanhol terminou 2018 apresentando um plano de reestruturação da dívida e um aumento de capital de 600 milhões de euros. Os representantes do LetterOne abandonaram os cargos na administração do Dia por discordarem do plano estratégico, considerando o aumento de capital insuficiente. Logo nessa altura começaram a circular rumores de que Fridman estaria a planear uma OPA. 

(Notícia atualizada às 10:09 com mais informação)

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