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BPI: Espanholização "tranquila" e sem "coisas espectaculares"
Os accionistas do BPI, agora controlado pelo CaixaBank, aprovaram a nova administração, que passa a ter como CEO o espanhol Pablo Forero, que promete uma “evolução tranquila” do banco mas avisa: “Não esperem coisas espectaculares!”
Café e bolinhos para os accionistas e administradores do BPI, acrescidos de beijos e abraços, com votos de muitos anos de vida, para o ainda CEO do banco. "Os parabéns são porque faço anos hoje [quarta-feira] – 65. Mas não vou para a reforma. Vou ser presidente do conselho de administração do BPI", relembrou Fernando Ulrich, quando apanhado pelo Negócios a receber mais um beijinho de felicitações, esta quarta-feira, à entrada para a assembleia-geral do BPI.
Esta foi seguramente a reunião de accionistas do BPI mais pacífica dos últimos anos, extinta que foi a guerra entre os espanhóis do CaixaBank e os angolanos da Santoro, "holding" da empresária Isabel dos Santos. Um combate accionista que acabou com o grupo espanhol a controlar 84,51% do BPI, em Fevereiro último, após a Oferta Pública de Aquisição (OPA).
Um dos dois únicos pontos em que não houve unanimidade foi a votação para o novo conselho de administração do BPI, que ficou a escassos 0,23 pontos de atingir os 100% de votos positivos. Já a eleição dos membros da comissão de remunerações e a proposta de fixação da remuneração dos seus membros recebeu 99,91% dos votos.
Novo "chairman" do BPI
O novo conselho de administração do BPI, que fica ainda a aguardar autorização formal do Banco de Portugal para entrar em funções, determina a passagem de Fernando Ulrich para "chairman" do banco, sendo substituído no cargo de CEO pelo espanhol Pablo Forero, de 61 anos, que prometeu tentar falar português quando assumisse a liderança executiva do banco.
Esta quarta-feira, na sua primeira conferência de imprensa após ter sido eleito para a administração do BPI pelos accionistas, Forero ainda falou em "portunhol", o que o levou a cometer um deslize linguístico ao dizer crédito "malparido", logo corrigindo para "malparado".
O gestor espanhol considerou que "o BPI é o banco que está mais bem posicionado para beneficiar da recuperação económica de Portugal", atendendo aos seus rácios de capital e índice de crédito malparado, "o mais baixo de Portugal e dos mais baixos da Península Ibérica", garantiu. Instado a comentar a situação da banca em Portugal, preferiu ser breve na abordagem do tema, considerando apenas que "os problemas do sector financeiro em Portugal estão em processo avançado de resolução".
Sobre o "plano de 100 dias" que o CaixaBank pretende pôr em marcha para rentabilizar a operação do BPI, Pablo Forero foi comedido nas palavras, começando por ressalvar que estão ainda em curso "a identificação de oportunidades de sinergias a longo prazo", reduzindo custos e aumentando receitas.
E esfriou as expectativas: "Não esperem coisas espectaculares, é um processo de muitos pequenos projectos, muitas pequenas ideias sobre o que fazer nos próximos três anos. Vai ser uma evolução tranquila, é um processo contínuo, de trabalho, todos os dias", afirmou o sucessor de Ulrich na presidência executiva do BPI.
Ainda sobre o plano de sinergias, Forero realçou que os 120 milhões de euros de poupança – 85 milhões em aumento das receitas e 35 milhões em cortes –, a atingir no prazo de três anos, "são meramente indicativos". Já em relação ao calendário de saída dos anunciados cerca de 900 trabalhadores do BPI, remeteu mais informação sobre este assunto para a conferência de apresentação de resultados do BPI no primeiro trimestre deste ano, a realizar esta quinta-feira.
"Vou ter uma vida menos stressante"
Fernando Ulrich, CEO do BPI nos últimos 13 anos, despediu-se do cargo, tendo sido eleito "chairman" da instituição pelos seus accionistas, precisamente no dia em que completou 65 anos de idade. "Vou ter uma vida mais tranquila, graças ao Pablo Forero [seu sucessor no cargo de CEO]. Será uma vida menos stressante e preocupante do que até agora", confessou Ulrich, em conferência de imprensa, no final da assembleia-geral do banco. Sobre as suas novas funções no BPI, a exercer em regime de "dedicação exclusiva", afiançou que irá "procurar influenciar os acontecimentos da forma mais positiva possível para o banco, mas sem qualquer tipo de parecença com funções executivas". Já o novo CEO do BPI elogiou o seu antecessor no cargo, dizendo que encontrou "um banco muito bem gerido, muito sólido".