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Amorim Energia contradiz Américo Amorim e Sonangol

A Amorim Energia emitiu um comunicado onde rejeita estar em negociações com a Gazprom para a venda de acções da Galp. Acontece que no último ano foram publicadas uma série de noticias, nomeadamente com declarações de Américo Amorim e o presidente da Sonan

04 de Outubro de 2007 às 21:26
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A Amorim Energia emitiu um comunicado onde rejeita estar em negociações com a Gazprom para a venda de acções da Galp. Acontece que no último ano foram publicadas uma série de noticias, nomeadamente com declarações de Américo Amorim e o presidente da Sonangol, a confirmar a intenção da empresa russa entrar no capital da petrolífera portuguesa.

"A Amorim Energia não tomou parte em nenhuma negociação, nem numa fase preliminar ou mais avançada, nem tem conhecimento de nenhuma proposta que vise a aquisição, por parte da Gazprom, das acções que a Amorim Energia detém na Galp Energia", refere um comunicado da Galp Energia, citando esclarecimentos da Amorim Energia enviados à CMVM.

O pedido de esclarecimentos do regulador surgiu na sequência de notícias, nomeadamente do Jornal de Negócios, que davam conta de que a Gazprom deverá entrar no capital da Galp até ao final do ano, citando declarações de Américo Amorim, à margem do Lisbon Energy Forum, de 2 de Outubro.

O presidente da Amorim Energia, que controla 33,34% da Galp, declarou que "acho que o processo fica fechado até ao final do ano". Américo Amorim escusou-se então a dar mais pormenores sobre o processo, remetendo para a entrevista do presidente da Sonangol, Manuel Vicente, publicada na véspera no "Diário Económico". Amorim dizia então "tudo o que lá está, está correcto".

O responsável da petrolífera Angolana, questionado sobre "em que se fase se encontram as negociações com a Gazprom", respondeu: "Não está esquecido". Sobre "até quanto está disposto a reduzir a sua participação para acomodar a entrada do grupo energético russo", Manuel Vicente afirmou "no quadro da sociedade que temos com a Amorim Energia controlamos 45%, os restantes são do empresário português. Vamos ceder à Gazprom proporcionalmente na Amorim Energia".

Notícias são recorrentes há mais de um ano

As notícias relacionadas com as negociações para a entrada da Gazprom remontam porém há já mais de um ano.

Em Novembro do ano passado, por exemplo, Américo Amorim confirmou à Lusa que a entrada dos russos da Gazprom no capital da Galp Energia está "ainda" a ser negociada, faltando acertar qual a percentagem que terão na Amorim Energia. Confirmou que está a negociar a percentagem que os russos comprarão da Amorim Energia, que não poderá ser superior a 20%.

O empresário dizia então que a entrada da Gazprom na Galp Energia vai fazer-se através da redução da participação das seis sociedades que controlam a holding Amorim Energia, estando a ser negociada essa percentagem de redução de forma a acomodar a entrada da maior empresa mundial do gás.

Este cenário foi confirmado em várias situações pelo próprio presidente da Galp Energia, que ao rejeitar as negociações directas com a Gazprom sempre remeteu para a Amorim Energia.

"Quem está a negociar com os russos é apenas um dos accionistas da Galp Energia", explicou o CEO da companhia ao Jornal de Negócios, a 27 de Fevereiro, referindo-se à Amorim Energia, que detém uma participação de total de 33,34%.

Em Dezembro de 2006 também o administrador da ENI (também accionista de referência da Galp, com 33,34%), Domenico Dispenza, admitiu que a Gazprom poderia comprar uma posição na Galp.

Já esta semana o mesmo gestor reiterou que é favorável a uma aliança estratégica da Gazprom com a Galp. O administrador operacional da divisão de gás e electricidade da ENI, Domenico Dispenza, revelou assim aos jornalistas portugueses, à margem da Lisbon Energy Fórum 2007, que "é completamente a favor de uma parceria entre a Gazprom e a Galp", não tendo qualquer objecção contra este assunto.

O comunicado de hoje é assim totalmente contraditório face às notícias veiculadas ao longo do último ano, cujas fontes foram muitas vezes os responsáveis envolvidos.  

De estranhar é também a segunda parte do comunicado, onde a Amorim Energia diz que "não manteve quaisquer contactos no sentido de vender parte, ou a totalidade, da sua participação na Galp Energia, e não está interessada que essa venda ocorra, nem à Gazprom, nem a qualquer outra entidade".

Ora, estas notícias não faziam referência à venda de acções da Galp por parte da Amorim Energia, mas antes a uma recomposição da estrutura accionista desta última, para permitir a entrada indirecta da Gazprom no capital da Galp.

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