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Corte jumbo dos juros nos EUA dividiu Fed. Havia decisores que preferiam apenas 25 pontos
As atas da última reunião do banco central dos EUA revelam que a decisão de um corte jumbo dos juros não foi unânime junto dos responsáveis de política monetária da Fed.
Os responsáveis da Reserva Federal (Fed) norte-americana decidiram, na última reunião de política monetária, a 17 e 18 de setembro, descer os juros diretores pela primeira vez desde 2020. A dimensão do corte surpreendeu, já que a taxa dos fundos federais foi reduzida em 50 pontos base – ficando assim no intervalo entre 4,75% e 5%. E essa dimensão foi decidida por entre um debate aceso, revelam agora as atas do encontro, que dizem que alguns participantes preferiam uma descida de apenas 25 pontos base.
"Alguns participantes disseram que teriam preferido uma redução de 25 pontos base nesta reunião, enquanto outros indicaram que apoiavam essa decisão", referem as atas.
Além do corte de 50 pontos base, o banco central liderado por Jerome Powell sinalizou, no encontro de setembro, novas descidas ainda este ano. Com efeito, o "dot plot" – um mapa que mostra como cada representante do banco central estima as mexidas nos juros diretores – apontou para que a taxa dos fundos federais esteja nos 4,4% no final de 2024, quando em junho passado a situava nos 5,1%.
Ou seja, a Fed projeta mais 50 pontos base de redução este ano – e, atendendo a que há mais duas reuniões de política monetária (em novembro e dezembro), podem ser dois cortes de 25 pontos base ou um único corte jumbo, tal como no mês passado. Mas a generalidade dos investidores antecipa que a decisão se reparta por duas reduções.
De acordo com as atas, sete responsáveis da Fed preferiam uma flexibilização de 75 pontos em 2024, ao passo que dois se mostraram a favor de um corte de apenas 50 pontos base e dez disseram preferir um alívio de 100 pontos base (um ponto percentual). Os 19 responsáveis, recorde-se, não têm todos direito de voto.
Para 2025, estes mesmos responsáveis do banco central apontam para que os juros diretores desçam até aos 3,4%, uma visão mais otimista do que a apresentada no início do verão (3,4%). Em 2026, a autoridade monetária estima que a taxa dos fundos federais toque nos 2,9%, abaixo dos 3,1% previstos em junho.
Nas atas divulgadas esta quarta-feira é ainda avançado que praticamente todos os participantes do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) viam ainda riscos de arrefecimento do mercado laboral, mas, em contrapartida, antecipavam menos riscos inflacionistas. Além disso, foi também definido que a redução do balanço da Reserva Federal pode prosseguir durante mais algum tempo.