Joaquim Barroca, administrador e um dos principais accionistas do Grupo Lena, foi detida esta quinta-feira, 23 de Abril, para interrogatório, que decorreu durante todo o dia de ontem. Esta sexta-feira, 24 de Abril, segundo avança o Correio da Manhã, deverão ser conhecidas as medidas de coacção.

A Procuradoria-Geral da República confirmou quinta-feira a detenção de um administrador do Grupo de Leiria, que foi alvo, acrescentou ainda o organismo, de buscas, que também foram realizadas em casa de Joaquim Barroca.

O Correio da Manhã acrescenta, na edição de sexta-feira, que Joaquim Barroca terá sido confrontado com verbas que saíram das suas contas bancárias para Carlos Santos Silva, também ex-administrador do grupo Lena, que está em prisão preventiva, no âmbito da Operação Marquês. A detenção de Joaquim Barroca ocorreu, segundo acrescenta também o Jornal de Notícias, depois da chegada de informações vindas da Suíça. E será suspeito de alegada corrupção activa. O Público escreve mesmo que o administrador do Grupo Lena é suspeito de corromper José Sócrates. O ex-primeiro-ministro está preso preventivamente desde Novembro por indícios de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. 

O Jornal de Notícias acrescenta, ainda, que o Ministério Público calculará em 200 milhões de euros o valor de adjudicações de obras públicas ao Grupo Lena entre 2007 e 2010, nomeadamente atribuídas pela Parque Escolar, além das parcerias público-privadas rodoviárias e ferroviária. 

Em comunicado emitido ontem ao final do dia o Grupo Lena, que diz confiar na Justiça, convidou a comunicação social a "rever os números e valores que têm vindo a ser apresentados porque são errados e erróneos, desde as PPP, ao Parque Escolar, de Venezuela a Angola", mas não dá esses valores. Segundo os relatórios e contas disponíveis no "site" do grupo Lena, os proveitos passaram de 402 milhões de euros em 2006 para um total de 459 milhões em 2010 e de 508 milhões em 2011. No entanto, segundo já escreveu o Negócios, o grupo Lena ganhou, sozinho e em consórcio, durante os governos de José Sócrates, adjudicações de contratos públicos no montante de mais de 153 milhões de euros. Um valor que, de acordo com as adjudicações registadas no portal BASE, era um dos mais elevados no período entre 2005 e Junho de 2011, apenas atrás dos 158 milhões conquistados pela Mota-Engil. 

Em relação às contas de 2013 verifica-se que o Grupo Lena nos três últimos anos (2011 a 2013) registou uma queda no seu volume de negócios, que passou dos 508 milhões de e 2011 para 410,8 milhões em 2013, ano em que a Venezuela pesava 29% do negócio e Angola 26%, só superados por Portugal que ainda tinha o maior peso, com um contributo de 34%. 

No comunicado do Grupo Lena desta quinta-feira, a empresa de Leiria garante ter crescido "fora dos grandes centros de decisão em Lisboa ou no Porto à custa de trabalho árduo, cumprindo valores de Rigor, Solidez e Cooperação em três continentes. Será sempre esta dedicação com estrito respeito pelas leis que justificará o que ainda temos para construir no mundo", acrescentando que "o crescimento do Grupo Lena verificado em três continentes e mais de dez países não pode ser explicado por uma qualquer circunstância excepcional. Pode ser explicado pela dedicação, trabalho e esforço de mais de dois mil colaboradores, sempre no mais escrupuloso respeito pela legalidade e pelas boas práticas".