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Gestores lançam OPA à SDC Investimentos a 2,7 cêntimos
A SDC Investimentos vai desfazer-se da área de concessões, constituir uma imparidade para a área de construção e comprar créditos dos bancos. São passos para a Investéder, empresa do CEO e CFO, lançar uma oferta de compra da empresa. Vendendo, Manuel Fino sai.
António Castro Henriques (na foto) e Gonçalo Andrade Santos vão lançar, através da Investéder, uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a SDC Investimentos, de cuja comissão executiva são os únicos membros. O preço da oferta é de 2,7 cêntimos por acção.
A OPA, que está a ser assessorada pelo BCP (banco face ao qual a SDC falhou o pagamento de obrigações de 20 milhões de euros), abrange todo o capital da SDC, empresa que tem um terço do capital da Soares da Costa Construção.
"A contrapartida oferecida, a pagar em numerário, é de 0,027 euros (2,7 cêntimos) por cada acção", indica o anúncio preliminar de lançamento da OPA, que é geral e voluntária. Há cerca de 160 milhões de acções representativas do capital da SDC Investimentos, que fecharam a cotar a 2,4 cêntimos esta sexta-feira (5,5 mil são títulos preferenciais, a esmagadora maioria são acções ordinárias).
O valor da OPA é, assim, de 4,32 milhões de euros e a oferta por acção pressupõe um prémio de 12,5% em relação à cotação de fecho do título esta sexta-feira, 23 de Dezembro.
A Investéder foi uma empresa constituída a 15 de Novembro deste ano com o objecto de conceber e desenvolver "projectos e de investimentos na área industrial, energética, imobiliária e das concessões" e "consultoria estratégica e prestação de serviços conexos", segundo o registo disponível no Portal de Justiça. É através dela que os administradores, Castro Henriques e Gonçalo Andrade Santos, lançam a OPA sobre o capital, operação que faz parte dos vários passos dados pela empresa para garantir a sustentabilidade da SDC Investimentos.
Manuel Fino pode deixar empresa
Com a operação, caso venda, Manuel Fino (na segunda foto) deixa de ser o dono da SDC Investimentos, sociedade com um terço da Soares da Costa Construção. Aliás, Fino era o dono da construtora, mas as dificuldades por si enfrentadas obrigaram-no a vender a maioria daquela área de negócio ao empresário angolano António Mosquito para capitalizar-se, corria o ano de 2014.
Desde aí, a empresa tem estado a tentar encontrar uma forma de assegurar a sua sustentabilidade. Os capitais próprios, no final de Junho deste ano, estavam em 79,2 milhões de euros negativos, ou seja, com responsabilidades 79,2 milhões superiores aos activos necessários para as saldar.
OPA depende de venda da área de concessões
É nesse caminho de reestruturação que entra a OPA lançada pelos gestores. Aliás, a operação está dependente da concretização de vários passos. O lançamento só ocorrerá oficialmente após a "concretização da alienação das participações indirectamente detidas". Num outro comunicado divulgado esta sexta-feira, 23 de Dezembro, foi anunciado que a empresa acordou a alienação as concessões nas auto-estradas Transmontana e da Beira Interior por um valor que teve como base 126,5 milhões de euros, que fica agora à espera de autorizações.
Além disso, a empresa também definiu melhor a situação patrimonial. Tendo um terço da Soares da Costa Construção, e estando esta em Processo Especial de Revitalização (PER), a SDC optou por reconhecer uma imparidade que tem um impacto negativo de 33,5 milhões de euros no capital próprio já de si negativo.
Investéder compra créditos à SDC
Além disso, também foi anunciado um acordo no campo financeiro através do qual a Investéder compra um "conjunto de créditos não garantidos" detidos por "diversas instituições" e "cujo montante se aproxima dos 175 milhões de euros". Não são enunciados os bancos em causa mas a SDC estava a negociar a reestruturação da dívida com o BCP, CGD, Crédito Agrícola, BPI, Banco Popular, Banif e Novo Banco.
Adquirido tais créditos, a empresa dos gestores torna-se a principal credora da SDC "e passará a ser chamada a participar no referido processo de reestruturação financeira". A compra dos créditos aos bancos só ocorre após várias condições, uma delas, precisamente, a venda da área de concessões, que vai reduzir o passivo e, daí, 46 milhões servirão logo para regularizar responsabilidades financeiras.
Assim, a compra dos créditos da SDC aos bancos por parte da Investéder vai acontecer após a venda das concessões e o uso de tal dinheiro para reestruturar ou extinguir responsabilidades pendentes e exonerar a "grande maioria" das garantias que ainda tem associadas à área de construção, no valor de 239 milhões de euros. A SDC acredita que tais condições possam ser satisfeitas "até ao final do primeiro semestre de 2017".
SDC Investimento reduzida ao imobiliário
A "continuada promoção do processo de reestruturação financeira" da SDC Investimentos é uma das linhas estratégicas que continuará a viver-se na empresa, ainda que esta agora, com a saída da área de concessões, tenha sentido uma "redução substancial do universo de actividades".
A área imobiliária é aquela onde a SDC Investimentos se vai concentrar ainda que tenha de manter também a atenção à Soares da Costa Construção de que, além de accionista minoritária, é credora.
(Notícia actualizada às 20:00 com mais informações)