Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

PS atacado por falta de transparência no debate que marcou para discutir a banca

Troca de responsabilidades mas também luta sobre quem é mais transparente. Foi assim o debate sobre o sistema financeiro agendado pelo PS. A Caixa foi o tema mas também o Novo Banco veio à troca de argumentos.

Bruno Simão
01 de Julho de 2016 às 13:31
  • 8
  • ...

Na semana passada, o Partido Socialista anunciou um debate no Parlamento sobre a Caixa Geral de Depósitos. Ficou para esta sexta-feira, 1 de Julho. Mas, seguindo o exemplo do Governo de não dar explicações sobre o futuro do banco público, os socialistas foram apenas alvo de críticas pela marcação da iniciativa parlamentar e pela ausência de respostas. Pelo meio, a esquerda atacou a inacção do Governo anterior.

 

"Não percebi o objectivo da marcação deste debate. [O PS] vem para o debate admitir e expor o mais profundo desnorte. Marcam o debate para esclarecer e não esclarecem nada. Vamos chegar ao fim do debate sobre o sistema financeiro e vamos continuar sem saber qual é o montante da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e quais os fundamentos", soltou Luís Montenegro no plenário.

 

A pergunta sobre quanto dinheiro será colocado no banco público foi feita por várias vezes ao longo de quase duas horas de debate (esteve para ter durado apenas 1:15 mas, depois de Ferro Rodrigues ter insistido se não havia mais intervenções sobre o assunto, por haver mais intervenções dos deputados). Aliás, a pergunta do valor da capitalização veio também dos parceiros da coligação parlamentar que suporta o Governo: "É preciso estabelecer os montantes da Caixa. Tem de ser dada uma resposta. É preciso esclarecer o que se vai fazer com as imparidades. O debate é demasiado importante para não ter respostas", pediu Mariana Mortágua, do Bloco. 

 

O debate que foi um "acto falhado"

 

Mas as respostas não vieram. Os socialistas – tal como tem feito o Governo, com o ministro das Finanças a dar uma conferência de imprensa e que não avançou valores – não deram as respostas. As negociações com a Comissão Europeia, para eventuais remédios para evitar deturpar a concorrência, ainda decorrem, não estando fechado o plano de reestruturação. Razão pela qual não se pode discutir o que vai acontecer, argumenta o PS. "O Parlamento não deve desvalorizar o apuramento de factos já concretizados em vez da especulação de dados que ainda não existiram", adiantou o socialista João Galamba, que aproveitou para atacar os membros do anterior Executivo, dizendo que não resolveram o problema da Caixa para a privatizar.

 

"O debate foi um acto falhado", contrapôs o centrista João Almeida, avançando que nada se conhece sobre os planos nem objectivos. Aliás, a também deputada do CDS, Cecília Meireles, já tinha lançado as questões, que ficaram sem resposta ("Reestruturação quer dizer o quê? Despedimentos? Sim ou não? De quantas pessoas?"). Para João Almeida, apenas se sabe que haverá mais administradores e que vão ser melhor remunerados. Nada mais. O que o levou a dizer que o Governo está capturado pela nova gestão, liderada por António Domingues.

 

Mas as farpas do debate não tiveram no PS o único alvo. O PSD e o CDS também foram visados pela esquerda pelo período em que estiveram no Governo. Pelo PEV, José Luís Ferreira criticou, mais uma vez, o esforço de se anunciar uma saída limpa "quando o sector bancário [português] é um dos que precisa de mais intervenção". E nestas críticas, Maria Luís Albuquerque, presente no debate como deputada social-democrata, foi o alvo preferido, ainda que tenha deixado o aviso aos socialistas: "não procurem nos outros a responsabilidade que vos cabe".

 

A saída limpa e a "mentira"

 

Maria Luís Albuquerque defendeu o período em que foi ministra das Finanças
Maria Luís Albuquerque defendeu o período em que foi ministra das Finanças Bruno Simão



"Para manter viva a narrativa da saída limpa, que foi uma limpeza nos bolsos dos portugueses, [a antiga ministra das Finanças] fez tudo, incluindo mentir", atirou o comunista Miguel Tiago. "Considero grave acusar-me de mentir. Já não é a primeira vez. É uma ofensa", respondeu a ex-ministra.

 

Para o deputado do PCP, a anterior governante com a pasta das Finanças "tudo fez para ocultar dos portugueses a verdadeira situação da banca". Ao lado, o Bloco de Esquerda, também quis destruir a postura do Governo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas, pela voz do deputado Paulino Ascensão: "Porque é que não apurou todas essas dúvidas quanto tinha essa possibilidade?". A Caixa mostra "o desastre que foi a governação" de Maria Luís.

 

Aliás, tanto bloquistas como comunistas, em resposta à acusação de falta de transparência dos socialistas, disseram que o PSD e CDS também não davam respostas quando estavam no Executivo. Miguel Tiago lembrou o caso Banif, em que foram feitas perguntas e a então ministra dizia: "Não percebi bem qual a razão para a pergunta, está tudo bem", citou o comunista. 

 

O Novo Banco e o aviso de Maria Luís

 

Maria Luís Albuquerque rejeitou as acusações atiradas. Aos deputados, falou do passado, afirmando que o PSD, na campanha para as eleições de Outubro de 2015, avisou que a situação ainda era "frágil".

 

Também deputados, mas com o objectivo de deixar escrito para o futuro, a deputada social-democrata falou sobre o caso Novo Banco, que está em processo de venda. "Não colocámos dinheiro no Novo Banco. O dinheiro que foi colocado é um empréstimo ao sistema financeiro. Se a maioria resolver perdoar o empréstimo são os senhores que põem o custo nos contribuintes. Que fique aqui dito que não pusemos o ónus nos contribuintes. A responsabilidade será vossa". 

Ver comentários
Saber mais Partido Socialista Caixa Geral de Depósitos João Galamba Luís Montenegro João Galamba João Almeida Maria Luís Albuquerque Miguel Tiago
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio