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Novo Banco tem em cima da mesa despedimento colectivo de 500 trabalhadores
Depois de uma reunião com a administração, a comissão de trabalhadores do Novo Banco revela que a intenção é cortar 1.000 postos de trabalho, 500 dos quais em despedimento colectivo. O organismo está contra.
O Novo Banco vai avançar para um despedimento colectivo. Essa foi a mensagem deixada por Eduardo Stock da Cunha junto da comissão de trabalhadores numa reunião esta quinta-feira, 25 de Janeiro.
"No seguimento do plano de reestruturação imposto pela União Europeia e que já se encontra em curso, o banco terá que reduzir em 2016, cerca de 1000 postos de trabalho, sendo suposto que 500 sejam através do recurso a um despedimento colectivo", assinala a comissão de trabalhadores em comunicado, a que o Negócios teve acesso.
Para já, a posição da comissão de trabalhadores, liderada por Carlos Gonçalves, é clara: "Informámos que não aceitamos nem pactuamos, de forma alguma, com despedimentos colectivos no nosso banco". "Solicitamos a todos os trabalhadores que não assinem qualquer documento, sem previamente consultarem a comissão nacional de trabalhadores ou o seu sindicato", adianta ainda o documento.
Contudo, ainda estão por definir os critérios que serão utilizados, pelo que ainda não é certa a dimensão do despedimento colectivo. Em breve, a comissão de trabalhadores será informada sobre os mesmos, "bem como das estruturas que poderão vir a encerrar".
A reunião da administração com a comissão de trabalhadores aconteceu depois de revelados os resultados de 2015: prejuízos de 980,6 milhões de euros. Destes resultados, 78% devem-se, segundo Eduardo Stock da Cunha, ao legado deixado pelo BES (ideia que Ricardo Salgado já veio contestar).
"Os trabalhadores do Novo Banco são profissionais sérios e honestos, não tendo quaisquer responsabilidades sobre o que se passou com o BES, em Agosto de 2014", assinala a referida carta da comissão de trabalhadores.
A comissão, que prefere a nacionalização à venda a privados, vai pedir audiências com o primeiro-ministro, ministros das Finanças, do Trabalho, com os grupos parlamentares e ainda com o governador do Banco de Portugal para "manifestar o absoluto repúdio com esta tentativa de despedimento colectivo".
Despedimento após saídas de 411 funcionários
Contando com 7.722 colaboradores no final de 2014, o Novo Banco fechou o ano passado com 7.311 funcionários. Em Janeiro e Fevereiro deste ano, já foram saindo funcionários através de rescisões. Agora, deverá ficar ainda mais reduzido.
Em Novembro, o Negócios já tinha avançado que o corte de 1.000 postos de trabalho era a possibilidade inscrita no programa de reestruturação a ser ultimado pelo banco. Confirma-se que o número se mantém apesar de, em 2015, terem, então, saído 411 trabalhadores do quadro da instituição financeira. É um valor insuficiente para os números pretendidos pela Direcção-Geral da Concorrência da Comissão Europeia, que analisa sempre os auxílios estatais concedidos – foi, aliás, ela que obrigou às reduções de pessoal noutros bancos, como é exemplo o BCP.
Apesar de praticamente todos os bancos terem vindo a reduzir os quadros, nomeadamente no âmbito dos remédios implementados após a recepção de ajudas estatais, foram poucos os que recorreram a despedimento colectivo (o BBVA Portugal foi um deles). Em geral, a opção foi sempre a de programas de rescisões amigáveis e de pré-reforma ou reformas antecipadas.
(Notícia actualizada com mais informações pelas 15:50)