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Moody’s corta "rating" do Novo Banco apesar de recapitalização

A Moody’s considera que a situação de solvência do Novo Banco "pode piorar ainda mais" mesmo após a recapitalização de 1.985 milhões. Além disso, a agência prevê "grandes perdas" para a dívida transferida para BES.

Bruno Simão/Negócios
04 de Janeiro de 2016 às 20:00
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O Banco de Portugal impôs perdas a investidores com dívida do Novo Banco para reforçar os rácios do banco. O impacto positivo é de 1.985 milhões para a instituição financeira, levando o seu rácio de referência para 13%. Mas este é um passo insuficiente na óptica da agência de "rating" Moody’s, que avança para o corte de alguns dos "ratings" que avaliam os vários tipos de dívida do banco.

 

Na óptica da Moody’s, a classificação de risco da dívida do Novo Banco tem de ser castigada. Nas justificações avançadas, a agência indica que o perfil de crédito do banco é "muito fraco". Uma consideração feita "apesar do aumento das almofadas de capital depois da recapitalização de 1.985 milhões de euros e das vantagens trazidas pela extensão das garantias estatais". 


A recapitalização foi consubstanciada na transferência de cinco emissões de obrigações seniores do Novo Banco para o BES "mau", libertando responsabilidades de 1.985 milhões do primeiro à custa da soma deste encargo para o veículo, que vai entrar em liquidação.

 

"A deterioração das métricas de activos em risco e os prejuízos continuados podem piorar ainda mais a situação de solvência do banco, mesmo depois das acções aprovadas pelo Banco de Portugal", continua o comunicado emitido pela agência de classificação de risco.


Perspectiva "em desenvolvimento"

 

A dívida de longo prazo do Novo Banco (que permanece no Novo Banco) deixa de ser classificada em "B2" e desce para "Caa1". Um corte de dois níveis para o sétimo degrau em que o investimento é considerado "especulativo". Entretanto, a "perspectiva" foi colocada "em desenvolvimento".

 

Segundo a Moody’s, esta opção relativa ao "outlook" reflecte "as incertezas em torno do perfil de crédito muito fraco do banco e o impacto do plano de reestruturação submetido recentemente à Comissão Europeia". Além disso, também está "em desenvolvimento" devido ao relançamento do processo de venda do Novo Banco, previsto para Janeiro de 2016. "Juntos, podem afectar a avaliação final da Moody’s à dívida sénior e aos depósitos".

 

Também as notações ligadas ao risco de contraparte e de obrigações hipotecárias sofrem um corte.

 

As obrigações que contam com uma melhor classificação de risco foram as que estão garantias pelo Estado, que se encontram num nível "Ba1", "estável", e que não sofreram qualquer alteração – normalmente, são definidas consoante o "rating" da dívida portuguesa. 

Dívida perdida para BES vai impor perdas "graves"

A Moody’s também optou por reduzir a classificação de risco de cinco emissões de dívida sénior: as cinco séries que foram transferidas do Novo Banco, que passaram para o BES de "B2" para "C". E a perspectiva é negativa. Só que não haverá mais cortes. Depois desta acção, a agência deixará de avaliar estes títulos.

 

Para já, a agência explica que o corte "reflecte a perspectiva de que obrigações seniores afectados vão ser expostas a graves perdas durante o processo de liquidação do BES". 

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