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Segundo passo da resolução do Novo Banco traz dúvidas à Fitch

A partir do momento em que houve dívida sénior do Novo Banco a ser retransmitida para o BES mais de um ano depois da intervenção, há uma herança que tem de ser incorporada na avaliação de risco, segundo a Fitch.

Miguel Baltazar/Negócios
11 de Janeiro de 2016 às 13:48
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A transferência de cinco linhas de obrigações seniores do Novo Banco para o BES traz dúvidas para a Fitch: os investidores que tinham escapado sem perdas à intervenção perdem, ano e meio depois, o seu dinheiro. Um risco que tem de ser incorporado.

 

Numa nota de investimento datada de 11 de Janeiro, os analistas James Longsdon e Alan Adkins falam sobre os "riscos de retransmissão dos bancos de transição". É uma herança que a Fitch acredita que pode ter de ser incluída nos bancos de transição, como é o caso do Novo Banco.

 

O Banco de Portugal seleccionou cinco das várias séries de obrigações seniores que o Novo Banco recebeu a 3 de Agosto de 2014, quando foi criado, e retransmitiu-as para o BES, o banco "mau", que vai entrar em liquidação. Um processo que afecta algumas obrigações com o maior nível de privilégio na hierarquia de credores (só são afectadas em caso de incumprimento depois das obrigações subordinadas e das acções) e que coloca títulos da mesma classe em duas entidades distintas.

 

Segundo a agência de notação financeira norte-americana, o banco liderado por Eduardo Stock da Cunha tem de ser visto como um primeiro exemplo: "a forma de lidar com o processo de resolução levanta questões sobre como é que a União Europeia vai lidar com resoluções bancárias, particularmente porque os prazos se podem revelar demasiado demorados". A transferência de dívida sénior ocorreu 16 meses depois da constituição da instituição financeira herdeira dos activos e passivos considerados saudáveis do Banco Espírito Santo.

 

"A experiência do Novo Banco também significa que qualquer futuro ‘rating’ associado a um banco de transição terá de ser afectado para reflectir riscos de retransmissão dos activos herdados para os investidores até que esse risco seja suficientemente remoto", indica ainda a nota desta segunda-feira.

 

O banco português não é avaliado pela agência de notação de risco norte-americana, ainda que a mesma diga que, se classificasse a dívida do Novo Banco, haveria a indicação de um "incumprimento restrito" (quando a Fitch considera que se falhou o pagamento da dívida ainda que sem uma entrada efectiva em incumprimento).

 

Depois da decisão do Banco de Portugal, que serviu para reforçar os rácios do banco através da retirada de uma responsabilidade de reembolso de 1.985 milhões de euros, a Moody’s comentou que o Novo Banco ainda teria dificuldades pela frente. Já a canadiana DBRS considerou que o novo passo da resolução iria retirar confiança dos investidores.

 

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