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Nada trava o "sell-off". Investimento em defesa castiga juros das dívidas mundiais
As "yields" alemãs voltaram a disparar esta quinta-feira e atingiram máximos de outubro de 2023. O mercado continua a ajustar-se à necessidade de capital da União Europeia para financiar a defesa.
Depois de terem vivido o pior dia desde o período conturbado em torno da queda do muro de Berlim, os juros da dívida pública alemã continuam numa trajetória ascendente. O novo Governo da Alemanha quer investir 500 mil milhões de euros em defesa e infraestrutura e os investidores estão a exigir, cada vez mais, um maior cupão para comprarem obrigações do país.
As "yields" das "Bunds" alemãs chegaram a disparar quase 14 pontos esta manhã, atingindo os 2,93% - um valor que já não era registado desde outubro de 2023. Este movimento segue-se a um disparo de quase 30 pontos base na sessão de quarta-feira, que marcou o maior salto diário desde março de 1990, quando a ocidental República Federal da Alemanha (RFA) e a oriental República Democrática Alemã (RDA) estavam prestes a reunificar-se com o colapso da União Soviética.
Entretanto, os juros das obrigações alemãs conseguiram desacelerar e encontram-se, neste momento, a agravar-se em 9,9 pontos base para 2,888%. O "sell-off" está a ser tão substancial que não só se alastrou à Europa, como foi além fronteiras e atingiu mercados em todo o mundo. As "yields" japonesas dispararam para o nível mais elevado desde 2009 e também na Austrália e na Nova Zelândia registaram-se grandes movimentações.
Voltando à Europa, a tendência de agravamento continua a ser observada nesta manhã. Os juros da dívida portuguesa estão a catapultar 10,5 pontos base para 3,388% - máximos de meados de novembro de 2023 -, enquanto as "yields" francesas crescem 9,8 pontos (3,585%), as espanholas sobem 10,2 pontos (3,497%) e as italianas disparam 10,1 pontos e voltam a aproximar-se dos 4%.
"Os mercados continuam a tentar encontrar o novo ponto de equilíbrio. Não nos preocuparíamos muito com este ajustamento – pelo menos, por agora", explica Evelyne Gomez-Liechti, estratega da Mizuho International, à Bloomberg. A analista espera que os juros da dívida alemã a dez anos continuem a subir, mas não ultrapassem a marca dos 3%.