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Americanos em Portugal multiplicam lucro do Bison Bank por quatro

Banco “private” de capital chinês atingiu resultado de 2,5 milhões de euros em 2024. Pagou 670 mil euros ao Estado para este ficar fora do capital - uma possibilidade que aberto por via dos ativos por impostos diferidos.

O mandato de António Henriques como CEO do Bison Bank termina no final do ano. Renovação está em aberto. Mariline Alves
10 de Abril de 2025 às 11:08
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O Bison Bank registou um lucro de 2,5 milhões de euros em 2024, praticamente multiplicando por quatro os 641 mil euros registado em 2023.

O antigo Banif Banco de Investimento, comprado pelos chineses da Bison em 2018, beneficiou sobretudo do volume trazido pelo aumento do número de clientes, que no final do ano era cerca de 4.300, muito acima dos aproximadamente 3 mil que tinha em 2023. Hoje são já mais de 5 mil.

E quem são eles? O destaque vai para os norte-americanos, a primeira nacionalidade da lista, com mais de um milhar de pessoas. Seguem-se Brasil, Turquia, Portugal e o conjunto da Ásia.

A margem financeira líquida cresceu de 5,6 para 7,6 milhões de euros mas ao contrário da banca de retalho ela não é explicada pelo crédito, que o banco não concede (tem uma parceria com a UCI no crédito à habitação mas não tem crédito nos livros, ficando os empréstimos nas contas dessa outra entidade).

7,6Margem
A margem financeira atingiu 7,6 milhões de euros. Mas não vem de créditos, que o banco não concede. Vem de rentabilização dos ativos.

Essa margem vem sobretudo de uma gestão de risco "muito prudente, baseada na preservação de rácios de capital", explicou o administrador executivo André Rendeiro na apresentação dos resultados nesta quinta-feira.


"A margem resulta muito de angariação de um ‘funding’ estável e diversificado via depósitos e da aplicação de forma conservadora", junto do Banco Central Europeu ou numa carteira com indicadores "muito conservadores".

As comissões cresceram de 3,2 para 4,6 milhões de euros.

Os ativos sob gestão aumentaram de 2,1 para 3,3 mil milhões de euros.

Se em 2024 o resultado ficou "muito acima das expetativas", o ano corrente pode ser novamente positivo. No primeiro trimestre de 2025 o banco já conseguiu um milhão de euros de resultado, ou seja, metade do previsto para o ano completo. O que poderá levar a instituição a rever essas metas no final do segundo trimestre.

Ramo dos criptoativos em "break even"

A posta do Bison Bank nos criptoativos com a Bison Digital Assets teve, pela primeira vez, resultados positivos, ainda que de forma marginal: foram 80 mil euros. 

O Bison não quer posicionar-se como um "banco cripto" mas também não quer perder o comboio: "Os criptoativos valem hoje 3 biliões de dólares e a cada 24 horas o mundo transaciona 600 mil milhões", sublinhou o CEO, concluindo que "isto deve ser aproveitado também pelos bancos".

Banco pagou 670 mil euros para manter o Estado fora de jogo

O Bison Bank colocou finalmente para trás das costas a possibilidade de o Estado tornar-se acionista da instituição através do regime dos ativos por impostos diferidos. Mas teve de pagar 671 mil euros: foi esse o valor entregue aos cofres públicos para garantir a renúncia do direito de conversão em capital que o Estado português tinha, revelou a comissão executiva da instituição. 

Os ativos por impostos diferidos (conhecidos pela sigla inglesa DTA) são, na prática, créditos fiscais que resultam de uma empresa pagar impostos que pode recuperar no futuro. O regime prevê que quando uma instituição dele beneficia, o Estado pode exercer o direito de conversão desses créditos em ações, passando a deter uma posição no capital e diluindo as posições dos restantes acionistas.

 

Segundo a lei, às empresas que tenham créditos fiscais têm de constituir uma reserva especial no mesmo valor, sendo que o Estado pode exigir um "aumento do capital através da incorporação do montante da reserva especial e consequente emissão e entrega gratuita de ações ordinárias representativas do capital social do sujeito passivo". 

Em 2023 o  Bison Bank já tinha deixado, a pedido próprio, de fazer parte deste regime. Faltava solucionar os créditos fiscais ainda existentes, que assim chegaram ao fim. 

"O nosso acionista entende que somos um banco português"

Com o equilíbrio do comércio mundial colocado em causa pelas tarifas de Donald Trump e pela guerra comercial que parece ter começado entre os EUA e a China, o banco, que é 100% detido pela chinesa Bison, não antevê consequências na relação com o acionista.

O Bison Bank é 100% português, com uma equipa executiva totalmente portuguesa.António Henriques
CEO do Bison Bank

"O Bison Bank é 100% português, com uma equipa executiva totalmente portuguesa e o nosso acionista entende que somos um banco português e quer que o Bison exista em Portugal", afirmou o CEO da instituição, António Henriques. "Não vemos qualquer questão que se prenda com o que vivemos no mundo", concluiu, admitindo no entanto que "politicamente não sabemos o que vai acontecer nos próximos 5 minutos e somos suscetíveis de ser afetados por qualquer decisão política".

O presidente executivo do Bison Bank acrescenta que se trata de um tema "com incerteza e a própria Europa ainda está a pensar qual será o impacto efetivo para que possa fazer uma correção", mas o banco não antevê impacto forte direto nos clientes, que são essencialmente individuais".

Presente na conferência de imprensa de apresentação dos resultados, o "chairman" Fang Bian, representante do acionista, foi questionado sobre um eventual interesse do grupo financeiro chinês na corrida ao Novo Banco. A resposta foi curta: "Não".

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