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Moody’s: Aumento de capital é positivo para o BCP mas plano estratégico é "desafiante"
"Acreditamos que o cumprimento destas metas seja desafiante para o BCP, tendo em conta que as modestas perspectivas de crescimento económico em Portugal", indica a Moody's que elogia a solidez que a operação vai trazer.
A Moody’s considera que o aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros que o Banco Comercial Português inicia esta semana é positivo para o seu crédito. Contudo, há dúvidas sobre a concretização do plano estratégico para 2018.
"A transacção é positiva em termos de crédito para os credores do BCE porque permite ao banco reforçar a sua capacidade de absorção de risco e reembolsar os 700 milhões de euros em instrumentos de capital contingente (CoCos) ainda por devolver que o Estado português injectou em 2012", indica o comunicado emitido esta segunda-feira, 16 de Janeiro.
O aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros, onde a Fosun se propõe a aumentar a sua posição de 16,7% para 30% do banco, vai ter início esta terça-feira. Apesar de a transacção ser considerada positiva para o crédito da instituição financeira liderada por Nuno Amado, o "rating" continua a ser especulativo, o quarto nível de "lixo" na óptica da Moody's em "B1".
O encaixe com a operação possibilita o reembolso dos CoCos antes da data limite de Julho de 2017 "mas também reforça os níveis de solvência, apesar das enormes perdas registadas nos primeiros nove meses do ano devido a um significativo esforço extraordinário de provisionamento". Um reforço que permitirá, igualmente, o cumprimento dos rácios de capital mínimos exigidos ao banco.
Plano estratégico traz dúvidas
No documento que divulgou sobre o aumento de capital, o BCP menciona também a necessidade de cumprimento do plano estratégico para 2018, que passa, por exemplo, por um rácio de solidez de referência (CET1) de um mínimo de 11% e a melhoria dos resultados operacionais.
"Acreditamos que o cumprimento destas metas seja desafiante para o BCP, tendo em conta que as modestas perspectivas de crescimento económico em Portugal fazem com que seja difícil reduzir significativamente as exposições problemáticas da carteira de crédito do banco", comenta a nota assinada por María Vinuela.
Além disso, assinala ainda a Moody’s na sua nota desta segunda-feira, o enquadramento de baixas taxas de juro e o fraco volume de negócios que ainda existe em Portugal dificultam a arrecadação de receitas operacionais para o banco presidido por Nuno Amado.
O aumento de capital arranca esta terça-feira com o destaque dos direitos que permitem aos investidores participar na operação e manter a sua posição.