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"Bad bank" e seguros são preocupação para o BCP
No prospecto do aumento de capital do BCP, são apontados vários riscos. Um deles é o banco mau, que o BCP diz não querer. Outro é a nova supervisão da área de seguros.
A eventual constituição de um banco mau em Portugal, que agregue os créditos em dificuldades que estão nos bancos, é um risco pela frente do BCP. A Solvência II, o regime de supervisão dos seguros que entrou em vigor no ano passado, também, já que o BCP tem 49% da Ocidental Vida.
"A eventual criação de um ‘bad bank’ em Portugal poderá traduzir-se em necessidades adicionais de capital para o banco", assinala o prospecto do aumento de capital de 1,33 mil milhões de euros que a instituição liderada por Nuno Amado vai implementar.
Segundo o documento, publicado esta quinta-feira 12 de Janeiro, "a utilização de um ‘bad bank’ para redução do stock de NPE [exposições não performantes, que inclui o crédito malparado] detido pelo banco poderia implicar a transmissão de créditos a um preço abaixo do seu valor contabilístico, o que resultaria em menos-valias para o banco e, consequentemente, numa deterioração dos seus rácios de capital".
Mesmo mencionando o assunto, o BCP ressalva que a constituição deste veículo não foi ainda alvo de qualquer novidade, apesar de ter sido mencionada "por membros do Governo e responsáveis do Banco de Portugal". O governador Carlos Costa é um dos que defende a criação de um "banco mau", cujos moldes nao são conhecidos.
A questão dos seguros é outro dos riscos elencados no prospecto autorizado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Em 2016 entrou em vigor o regime de supervisão de seguros Solvência II, pelo que "novas exigências regulatórias são expectáveis nos próximos anos, nomeadamente no que diz respeito à revisão dos requisitos de capital, a garantias de longo prazo e a ferramentas de supervisão macroprudenciais".
"Há o risco de os efeitos destas medidas adoptadas, ou a serem adoptadas, poderem afectar negativamente a Millenniumbcp Ageas, influenciando as respectivas operações de negócio, estratégia e lucros, incluindo potencialmente um aumento do capital necessário para suportar o negócio e criar uma desvantagem competitiva relativamente a outros grupos europeus e não europeus que prestem serviços financeiros", indica o banco presidido por Nuno Amado. A Millenniumbcp Ageas é a empresa através da qual através da qual o banco detém 49% da área de seguros do ramo vida da Ocidental, sendo que 51% estão nas mãos da Ageas, que é a parceria do banco neste sector.
"Este impacto poderá afectar a política de dividendos e/ou resultar num aumento de capital que poderá afectar adversamente a actividade do banco, na sua situação financeira e nos resultados das suas operações e nas suas perspectivas futuras", acrescenta ainda o prospecto. O BCP antecipa o "potencial regresso" aos dividendos em 2018.
No prospecto, como ocorre neste tipo de operações, são elencados os riscos relativos à economia portuguesa e também à conjuntura europei mas também aos mercados em que o BCP está exposto.
O aumento de capital do BCP começa na próxima semana. Na terça-feira, as acções do banco passam a negociar sem direitos associados à operação, já que estes começam a negociar em bolsa na quinta-feira seguinte, 19. Estes direitos permitem a compra das novas acções que serão emitidas pelo BCP.