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Lacerda Machado: solução para "lesados" do BES só chega dentro de um "par de meses"
O amigo do primeiro-ministro mediou as relações entre os reguladores e os lesados para encontrar uma solução para os clientes com papel comercial. Elogiou os intervenientes e afirma ter cumprido uma recomendação do Parlamento.
Ainda vai demorar "um par de meses" até que os clientes do BES receberam a primeira parte do investimento feito em papel comercial do Grupo Espírito Santo. As palavras citadas são de Diogo Lacerda Machado, o amigo de António Costa que esteve a mediar as conversações entre os reguladores e os lesados, mas quantos exactamente não se sabe.
A solução, cujos contornos não foram explicados na apresentação desta segunda-feira 19 de Dezembro, só será concretizada em 2017. "Foi possível, dentro do propósito de buscar uma possível solução para minorar as perdas sofridas pelos lesados do papel comercial, cumprir, conceber e desenhar uma possível solução que venha a ser apresentada aos lesados para que, cada um por si, individualmente, venha ponderando aceitá-la ou não aceitar", disse Lacerda Machado na residência oficial do primeiro-ministro.
A imprensa tem noticiado que a recuperação do investimento será de entre 50% e 75% (consoante o montante) mas nenhum número foi revelado. O total de investimento em papel comercial é de 485 milhões de euros e a perspectiva é de que sejam ressarcidos em 286 milhões de euros, "se porventura todos os destinatários, investidores não qualificados, vierem em função da sua vontade própria a aceitarem a solução proposta".
Diogo Lacerda Machado frisou que esta solução, apresentada na sequência do memorando de entendimento que juntou o Governo (do qual era representante), do Banco de Portugal, da CMVM, do BES "mau" e dos lesados", respeita ainda uma outra entidade, a comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, nomeadamente a sua recomendação que pedia uma solução para estes investidores.
O amigo de António Costa confirmou que a aceitação da solução obriga à abdicação de quaisquer processos judiciais e reclamações contra "entidades públicas, Novo Banco e seus futuros accionistas". Os direitos jurídicos em relação aos emitentes do papel comercial serão transmitidos para uma "entidade a criar", cuja estrutura formal nunca foi descrita na apresentação desta segunda-feira.