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Nova associação oficializa divisão entre lesados do papel comercial do GES

Há duas associações que tentam defender a recuperação do capital dos investidores do grupo BES que adquiriram papel comercial do Grupo Espírito Santo. A última a ser criada contesta a solução promovida pelo Governo.

Miguel Baltazar
02 de Março de 2017 às 12:58
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Há uma nova associação que representa clientes do Banco Espírito Santo que subscreveram títulos de papel comercial de sociedades do Grupo Espírito Santo. Neste caso, são investidores que não concordam com a solução promovida pelo Governo em que quem investiu mais capital recupera menos dinheiro.

 

A Associação Lesados Papel Comercial (ALPC), cujo presidente é Mário Lopes, tem como objectivo a "protecção e defesa dos direitos e interesses dos clientes do resolvido BES, Best e Novo Banco, e seus investidores em valores mobiliários e demais instrumentos financeiros". 

 

Há uma outra associação, a AIEPC, liderada por Ricardo Ângelo, que também tem esta defesa. Só que há uma diferença: a AIEPC chegou a acordo com o Governo, os reguladores e o BES "mau" para uma solução em que prevê que os investidores que aplicaram até 500 mil euros recebem até 75% do valor investido, sendo que o montante máximo é de 250 mil euros. Já quem colocou mais de 500 mil euros nestas aplicações só receberá 50% do investimento.

 

Em média, a taxa de recuperação proposta pelo veículo é de cerca de 58%, o que supera substancialmente os 31% que os investidores teriam em princípio garantidos caso sejam reconhecidos como credores directos do BES mau. Sem observar-se a média, quem investe mais recupera um menor montante.

 

Mário Lopes contesta este tratamento diferenciado: "queremos igualdade entre todos os clientes, independentemente dos valores", disse ao Negócios na quarta-feira, 1 de Março, dia da constituição da associação (ALPC). "Não aceitamos que haja discriminação". Em Dezembro, Mário Lopes já tinha admitido que não concordava com a solução que estava a ser desenhada. Agora, há uma associação, cuja constituição foi feita com nove membros, que defende essa posição.
 

Têm havido reuniões para pôr em prática a solução promovida pelo Governo, representado por Diogo Lacerda Machado (o amigo de António Costa que vai agora ser administrador da TAP), em que se pretende pagar até 3 anos. Para a solução seria constituído um veículo que ficaria responsável por implementar a solução. Haveria uma garantia do Estado, com contragarantia do Fundo de Resolução, sobre este veículo. No entanto, já houve notícias dando conta de que a contragarantia do fundo seria retirada. Uma garantia do Estado deverá implicar um impacto no défice orçamental, como avançou o Negócios a 22 de Dezembro.  

Os investidores que aceitarem esta solução têm de abdicar de quaisquer processos judiciais contra o Estado e autoridades públicas, entre outros, relativamente a estes investimentos. Já a nova associação admite que uma possibilidade é a de intentar "acções judiciais".

Há cerca de 500 clientes do BES com perto de 2.000 milhões de euros investidos em papel comercial do GES. 



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