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Eduardo Catroga: Solução para o BES defende estabilidade do sistema e economia

O economista Eduardo Catroga defendeu hoje que a solução encontrada para o Banco Espírito Santo (BES) é a que "melhor defende a estabilidade do sistema financeiro e a continuação do financiamento à economia portuguesa".

Correio da Manhã
04 de Agosto de 2014 às 12:47
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Em declarações à agência Lusa, o antigo ministro das Finanças afirmou que "a opção escolhida pelo Banco de Portugal (BdP), em articulação com as instituições europeias, é a que melhor defende os contribuintes, os depositantes, os clientes, além da estabilidade do sistema financeiro e continuação do financiamento do banco à economia portuguesa".

 

Para Catroga, a situação no BES só podia levar a três cenários possíveis, um dos quais seria a falência desordenada, o que teria "efeitos terríveis sobre a economia portuguesa" e que levaria a um segundo resgate.

 

O segundo, acrescentou, seria "aquele que o Governo de José Sócrates assumiu relativamente a um banco (BPN) que não tinha efeitos sistémicos no sistema bancário, [e que, por isso,] podia ter-se deixado falir".

 

Esse cenário consistiria em nacionalizar o BES, com uma entrada directa do Estado no capital do banco, em que os contribuintes arcavam com as perdas, tal como aconteceu com o BPN, disse.

 

O terceiro cenário, o escolhido, foi a entrada do Fundo de Resolução no banco, separando os activos bons dos activos maus, "optando pela solução 'bad bank', que foi a encontrada na Irlanda e em Espanha para resolver casos semelhantes", sublinhou.

 

O antigo ministro das Finanças afirmou que "não é uma solução sem riscos", mas "no quadro das medidas para a União Bancária Europeia está precisamente a criação de um fundo de resolução para estes casos.

 

"Se tudo correr bem, o Novo Banco será vendido e o Fundo de Resolução recuperará os fundos para pagar o empréstimo a que agora teve de recorrer", acrescentou.

 

"Num quadro em que a economia portuguesa dá sinais de recuperação, que já se vem sentindo há um ano, embora de uma forma ainda bastante frágil, e que havia uma retoma da confiança por parte dos mercados e investidores na economia portuguesa e no sistema bancário português, é evidente que este caso não ajuda nada no processo de consolidação da recuperação da confiança", disse. 

 

A médio e longo prazo, se uma instituição, que estava a ser mal gerida, der lugar a uma empresa bem geria, "esta realocação de recursos e de capacidade de gestão é benéfica para a taxa potencial de crescimento económico", disse.

 

A curto prazo, o resultado seria negativo se "houvesse uma interrupção dos fluxos de financiamento normais do BES", acrescentou.

 

"Sendo de lamentar, temos que encarar esta situação como uma situação que ocorre historicamente, de quando em quando, em todos os países e agora vai haver uma transformação accionista e da gestão e esperamos que, além dos efeitos negativos de curto prazo, isto possa ter efeitos positivos a médio e longo prazo na economia portuguesa", concluiu.

 

O Banco de Portugal anunciou no domingo a injecção de 4,9 mil milhões de euros no BES para o capitalizar, através do Fundo de Resolução bancário, e o fim desta instituição, com a separação do banco fundado pela família Espírito Santo entre um 'bad bank' ('banco mau'), em que ficam os activos tóxicos, e o Novo Banco, que reúne os activos não tóxicos, como os depósitos e que receberá a injecção de 4,9 mil milhões de euros.

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