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Campos e Cunha já tinha assumido em 2005 pressões para demitir líder da CGD

José Sócrates negou qualquer pressão para que Vítor Martins fosse demitido da CGD. Campos e Cunha disse que elas existiram. O ex-líder da CGD, Vítor Martins admite que o antigo ministro já as tinha mencionado há 12 anos.

Luís Campos e Cunha, antigo ministro das Finanças de José Sócrates, defendeu que é essencial que exista 'estabilidade governamental' no país, porque as áreas fiscal e laboral dependem de um Executivo estável.
Miguel Baltazar/Negócios
17 de Janeiro de 2017 às 18:35
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Luís Campos e Cunha disse, no Parlamento, que José Sócrates o tinha pressionado, por inúmeras vezes entre Março e Julho de 2005, para demitir Vítor Martins da presidência da Caixa Geral de Depósitos. O ex-primeiro-ministro rejeitou e o seu sucessor, Teixeira dos Santos, disse que nunca sentiu tal pressão. Agora, é o próprio Vítor Martins que assume que, naquela altura, Campos e Cunha já mencionara essa pressão.


"O único momento em que o professor Campos e Cunha comentou directamente comigo as pressões que terá tido para substituir a administração da Caixa foi posteriormente, num telefonema após a [sua] demissão", contou Vítor Martins, que liderou a CGD entre 1 de Outubro e de 2004 e 1 de Agosto de 2005, na comissão parlamentar de inquérito.

Segundo as declarações do antigo presidente do banco público, Campos e Cunha transmitiu, nesse telefonema, que a carta de demissão que tinha entregue ao primeiro-ministro "tinha expressamente como um dos aspectos a referência às pressões que teria recebido" para promover a demissão da administração da CGD de então. 

De resto, ao longo de todo o seu mandato de dez meses, nunca Campos e Cunha lhe transmitira qualquer vontade de demiti-lo. "Em nenhum momento fui abordado". "Em nenhum momento, da parte do ministro das Finanças, houve qualquer referência em que pudesse intuir uma pressão sobre a administração da CGD", acrescentou. 

Apesar disso, a vontade de demitir Vítor Martins era comentada. "Durante um largo período de 2005, houve rumores, notícias da comunicação social que davam nota de uma eventual intenção do Governo de alterar a administração da CGD. Esses rumores existiam. A comunicação social dava conta disso. Não vou dizer que foi um tema que nunca me apercebi. Mas nunca, do Governo, recebi nem foi sinalizado de forma indirecta qualquer pressão nesse sentido", adiantou o presidente da instituição financeira em 2004 e 2005. 

No seu depoimento, Vítor Martins admite que Campos e Cunha nunca sinalizou a sua demissão, tal como o ex-ministro havia dito. E acaba por confirmar aquilo que já constava da carta de demissão entregue pelo então governante demissionário: a pressão para mudar a cúpula do banco público. José Sócrates desmente qualquer pressão.

Teixeira dos Santos substituiu Campos e Cunha no final de Julho e a 1 de Agosto de 2005 demitiu Vítor Martins da CGD. Carlos Santos Ferreira foi o seu substituto, entrando com Armando Vara como seu vice-presidente. Vara disse ao i que foi chamado por Campos e Cunha para mexer na mudança da CGD.  Martins entrara em Outubro de 2004 no banco pela mão do ministro Bagão Félix. 

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