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Armando Vara: “Campos e Cunha chamou-me porque queria mexer na Caixa”

Em declarações ao i, o antigo administrador do banco público dá a sua versão dos factos que ocorreram num encontro com Campos e Cunha, ministro das Finanças de Sócrates.

Pedro Aperta
Negócios 16 de Janeiro de 2017 às 10:31
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Armando Vara contou a sua versão do que tinha acontecido num almoço com o ex-ministro das Finanças, Campos e Cunha, depois deste ter descrito o encontro na comissão parlamentar de inquérito ao banco público, negando que fosse um convite para a administração (a Vara) e referindo mesmo que pagou a refeição do seu bolso e rasgou a factura à frente do convidado.


Mas Vara, que diz não se lembrar do detalhe da factura, tem recordações diferentes. "Lembro-me bem do almoço, ele não disse a verdade no Parlamento", salientando mesmo que "é óbvio que a razão pela qual me chamou era porque estava a pensar mexer na Caixa Geral de Depósitos". Vara acabaria por chegar à Caixa durante o mandato de Teixeira dos Santos, que substituiu Campos e Cunha.  


O antigo secretário de Estado de Guterres revelou ainda que nesse almoço o então ministro das Finanças estava mais preocupado com a aprovação de uma lei que "impedia que as pessoas acumulassem as reformas com os ordenados e ele estava nervosíssimo. Estava preocupado com isso, até porque a mulher o estava a pressionar".


Além disso, segundo as declarações de Vara ao i, "senti-o desestabilizado porque tinha escrito um texto sobre a sustentabilidade dos investimentos públicos e achava que havia uma conspiração na comunicação social sobre ele porque estava tudo a criticá-lo". Vara criticou Campos e Cunha, salientando que "aquilo foi um absurdo e acho que nem ficou bem a um ex-ministro das Finanças ter dito que foi almoçar com uma pessoa, que pagou do bolso dele e que rasgou a factura para não ficar nada registado".


Armando Vara disse ainda que Campos e Cunha tinha intenção de levar a cabo mudanças na Caixa. "A certa altura falou-se da Caixa, ele perguntou-me como estavam as coisas no banco [Vara era director nesta altura], disse-me que gostava de ouvir a minha opinião, porque estava a pensar mudar a governance e criar uma holding". O então ministro terá ainda pedido a Vara para fazer "um paper com ideias que pudessem ser relevantes para o futuro da instituição. Mas como dez dias depois já não era ministro, não cheguei sequer a enviar".


O ex-secretário de Estado de Guterres disse também ao i que estava disponível para ir ao Parlamento esclarecer a questão. 

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