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Vítor Martins foi demitido por Teixeira dos Santos em "minutos" e sem motivos

"Fui eu que tomei a iniciativa de perguntar as razões por que o Governo tinha tomado a decisão", contou aos deputados Vítor Martins, demitido da CGD por Teixeira dos Santos, em Agosto de 2005.

Bruno Simão
17 de Janeiro de 2017 às 18:56
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1 de Agosto de 2005. Esta é uma data distante, com mais de onze anos, mas que Vítor Martins não esquece. Foi esse o dia em que Fernando Teixeira dos Santos o chamou ao Terreiro do Paço. Levou consigo um dossiê com dados sobre o banco público. Foi uma reunião que teve um grande "impacto" sobre o então presidente da Caixa Geral de Depósitos. Foi aí que soube que, dez meses depois de a assumir, ia abandonar a liderança do banco público.

 

"Essa reunião que tive dia 1 de Agosto com o senhor ministro Teixeira dos Santos é das que dificilmente me esqueço e que retenho com alguma clareza", começou Vítor Martins por descrever, na comissão de inquérito à CGD, esta terça-feira, 17 de Janeiro.

 

Aos deputados, Vítor Martins admitiu que a reunião se estendeu apenas "por minutos breves". "Foi anunciada a decisão do Governo de me demitir da administração da CGD", contou.

 

"Fui eu que tomei a iniciativa de perguntar as razões por que o Governo tinha tomado a decisão. A resposta foi tudo menos clara e a única referência que retive foi uma referência relativamente vaga ao episódio do fundo de pensões", confidenciou também o presidente da CGD entre 1 de Outubro de 2004, no Governo de Santana Lopes, e 1 de Agosto de 2005, já com José Sócrates.

 

No final de 2004, Vítor Martins opôs-se à transferência do fundo de pensões da CGD para reduzir o défice orçamental, decidida pelo ministro Bagão Félix, que o tinha convidado, meses antes, para o banco público. Aí, ameaçou até a resignação mas acabou por ficar. 

 

"Não houve outra referência", frisou o antigo banqueiro, acrescentando que a memória que guarda desse dia é grande, já que a reunião "teve grande impacto" sobre si. "Foi dos momentos mais difíceis da minha vida", afiançou.


"Não sei explicar"

Durante 2005, Vítor Martins já ouvira rumores dessa intenção. E soube, no final de Julho, que havia uma pressão sobre o ministro das Finanças Campos e Cunha para modificar a cúpula do banco. Aliás, este foi um dos motivos que conduziu à demissão do então governante. Teixeira dos Santos substituiu-o e uma das primeiras medidas foi a mudança da administração da CGD, nomeando Carlos Santos Ferreira para presidente, com Armando Vara como vice-presidente.

 

Teixeira dos Santos justificou, na sua audição na semana passada, que os dois gestores convidados foram ideia sua, recusando terem sido sugeridos por José Sócrates, embora Campos e Cunha tenha dito, no seu depoimento dias antes, que aqueles eram os nomes que o então primeiro-ministro queria indicar para o banco. "É uma coincidência", classificou Teixeira dos Santos, que apontou que os rumores que falavam na saída de Vítor Martins causavam instabilidade na instituição financeira e que esse era um dos motivos para a saída. 


Questionado sobre o motivo pelo qual foi retirado do cargo dez meses depois da tomada de posse, Vítor Martins foi telegráfico: "Não sei explicar". 

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