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Sócrates "exigiu" demissão da administração da CGD em 2005: "São os nossos inimigos"

O ex-ministro das Finanças Campos e Cunha afirma que lhe foi pedida de "forma reiterada" e "crescente" a demissão da equipa de Vítor Martins da CGD. Não o fez. Sócrates propôs Carlos Santos Ferreira e Vara, que iriam para o banco pela mão de Teixeira dos Santos.

05 de Janeiro de 2017 às 19:08
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Em 2005, pouco depois de chegar ao Governo, José Sócrates pediu ao ministro das Finanças, Campos e Cunha, para destituir Vítor Martins da presidência da Caixa Geral de Depósitos. Chegou a avançar com propostas como Carlos Santos Ferreira e Armando Vara. Campos e Cunha não demitiu ninguém. Acabou ele próprio a demitir-se. E o sucessor, Teixeira dos Santos, concretizou a saída de Vítor Martins da CGD e a nomeação de Santos Ferreira e Vara.

 

As informações foram transmitidas por Luís Campos e Cunha, que foi ministro das Finanças entre Março e Julho de 2005, na audição desta quinta-feira, 5 de Janeiro, na comissão parlamentar de inquérito à CGD.

 

"Não demiti a administração da CGD, contrariamente ao que já vi escrito. Nem convidei ninguém para assumir qualquer lugar ou substituir alguém", garantiu Campos e Cunha, referindo-se à equipa liderada por Vítor Martins.

 

Campos e Cunha contou aos deputados que a equipa de administração da CGD, com 11 pessoas, contava apenas com três indivíduos com "filiações partidárias", "todas elas com experiência relevante nas tarefas que estavam a desempenhar", pelo que não considerava justificada a sua saída. "Tenho o princípio de que as equipas e as pessoas devem cumprir o seu mandato e avaliados pelos resultados no fim", considerou.

 

Mas José Sócrates, o primeiro-ministro de então, não tinha a mesma opinião: "O que era exigido era a demissão da administração da CGD. [O primeiro-ministro] disse-o de forma reiterada insistente e crescente", contou aos deputados. Em 2005, o jornal Público já tinha dado conta desta questão.


"Estes são os nossos inimigos" foi uma das justificações avançadas para avançar com a demissão. "Não era assim que eu via a administração da Caixa", disse Campos e Cunha. 

 

Santos Ferreira e Vara avançados


Segundo relatou o ex-governante, José Sócrates tinha já proposto nomes como Carlos Santos Ferreira e Armando Vara para gerir a Caixa. Não os aceitou, porque não quis demitir Vítor Martins.

 

Campos e Cunha demitiu-se em diferendo com o primeiro-ministro do Governo em Julho de 2005. "Uma semana depois, toda a administração foi demitida mas não foi demitida por mim". O seu sucessor na pasta das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, acabou por levar Santos Ferreira e Vara para o banco público.

 

Sem financiamento de favor

 

Apesar de admitir este pedido de José Sócrates, Campos e Cunha, actual administrador do Santander Totta, não admite qualquer envolvimento na gestão quotidiana do banco.

 

"Nunca me foi pedido nenhum financiamento de favor. Também não o faria. E se tivesse transmitido ao Dr. Vítor Martins, estou certo que recusaria. Não houve, nesse aspecto, quanto a créditos, nada que passasse por mim da parte do primeiro-ministro", assegurou ainda.

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