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BES visto pela imprensa estrangeira: Contradições na actuação do regulador e marcha atrás para Portugal

A comunicação social internacional destaca as contradições na actuação do Banco de Portugal, as possíveis surpresas que ainda podem surgir nas contas do banco e a marcha atrás que este resgate representa para Portugal pouco tempo após a saída da troika.

Bruno Simão/Negócios
04 de Agosto de 2014 às 10:11
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O resgate ao BES está a ser acompanhado com atenção pela imprensa internacional. As edições digitais dos principais meios económicos de vários países estão a olhar para a situação no, agora, Novo Banco e para o novo veículo onde vão ficar os activos maus.

 

O Wall Street Journal olha para o BES e considera ser "surpreendente" que o Banco de Portugal tenha dado recentemente garantias sobre a instituição e passado pouco tempo o banco esteja a ser resgatado.

 

"O destino do Banco Espírito Santo é surpreendente dado que apenas há poucas semanas o Banco de Portugal disse que o banco tinha capital suficiente para aguentar os choques do grupo [GES], um conglomerado baseado no Luxemburgo que ficou em problemas após um auditor encontrar irregularidades na sua contabilidade", pode-se ler no artigo da correspondente em Lisboa.

 

O destino do Banco Espírito Santo é surpreendente dado que apenas há poucas semanas o Banco de Portugal disse que o banco tinha capital suficiente para aguentar os choques do grupo [GES].
 
Wall Street Journal

Em Espanha, o jornal El País começa o texto por anunciar que o "Banco Espírito Santo morreu, viva o novo banco".

 

O correspondente sublinha que esta é a "primeira vez que se utiliza na Europa uma fórmula como esta para salvar um banco. Parece que o objectivo é dizer que o cidadão não vai a pagar nem um euro do seu bolsa pela falência de um banco, à custa que os accionistas percam tudo".

 

O jornal olha para a história do BES e conclui que "desde a noite de domingo, o Banco Espírito Santo foi nacionalizado e entrou em período de liquidação. A segunda nacionalização da sua longa história parece ser definitiva".

 

O Financial Times também analisa a situação no banco português. A notícia do correpondente em Lisboa é inclusivamente a mais lida no site na manhã desta segunda-feira (4 de Agosto).

 

Em destaque surge a incapacidade do banco em atrair potenciaias investidores que "estão agora mais atentos após emergir dos resultados do primeiro semestre que o banco pode enfrentar outras potencias imparidades relacionados com à sua exposição ao grupo Espírito Santo e que ainda não foram contabilizadas, assim como potencias perdas da sua unidade bancária angolana [BESA]".

 

A agência Reuters considera que o resgate é um retrocesso para a situação económica e financeira de Portugal imediatamente a seguir à saída da troika do País.

 

"O resgate é um retrocesso para Portugal apenas meses após o país sair de um resgate de três anos de 78 mil milhões de euros, financiado pela União Europeia e o Fundo Monetário Internacional".

 

Um dos principais jornais económicos franceses, o Les Echos, sublinha que um dos problemas deste resgate "é o risco de contágio" sobre a "reputação" do sector bancário português.

 

Os bancos nacionais, relembra o diário gaulês, "foram socorridos pelo Estado em 2012" e que o "BES é, de resto, o único que não pediu a intervenção pública".

 

Na Alemanha, o diário Süddeutsche Zeitung fala em "revés" para a situação económica e financeira de Portugal com mais um resgate bancário.

 

"O resgate é um revés para Portugal", escreve o jornal, sublinhando também que o resgate internacional tinha terminado "há apenas dois meses e queria dispensar mais apoio".

 

"A operação de resgate mostra agora como a situação ainda é instável após a crise do euro", aponta o jornal do país de Angela Merkel.

 

Outro diário espanhol, o El Mundo, escreveu uma peça a explicar que os depósitos dos clientes espanhóis na sucursal daquele país estão assegurados.

 

No entanto, o enfoque é na campanha protagonizada pelo jogador português do Real Madrid, Cristiano Ronaldo. "Estão garantidos os depósitos Cristiano Ronaldo do Banco Espírito Santo?", questiona o título da peça.

 

No artigo, o El Mundo considera que em Espanha a imagem do banco e do capitão da seleção confundem-se. "Falar do Banco Espírito Santo em Espanha é falar de Cristiano Ronaldo. Nos últimos anos o banco cresceu no país impulsionado por uma campanha protagonizada pelo astro português".

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