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Berardo: "Grato ficaria por só ter dado a garagem no Funchal" como garantia 

José Berardo, numa declaração lida pelo seu advogado, garante que a polémica em torno do seu nome está a desviar o foco da avaliação da responsabilidade dos governos, Banco de Portugal e órgãos sociais da CGD.

10 de Maio de 2019 às 15:28
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José Berardo diz que "fizeram crer" que tinha apenas uma garagem no Funchal como garantia dos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos. Para o comendador, o seu nome tem sido usado como "justificação para todos os males" do banco público.

 

"Fizeram crer aos jornalistas que só tinha uma garagem. Grato ficaria só ter dado a garagem no Funchal em troca de todos os ativos que fui entregando como garantia e em boa fé" para que as dívidas não entrassem em incumprimento, afirma José Berardo na audição da comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, numa declaração lida pelo seu advogado André Luís Gomes.

 

"O meu nome e alegada situação creditícia tem servido de justificação de todos os males que têm afligido a CGD", afirma José Berardo. 

 

Para o comendador, esta polémica tem desviado a atenção da necessidade de se "avaliar a responsabilidade dos vários governos, a responsabilidade de supervisão do Banco de Portugal e avaliar a permeabilidade dos órgãos sociais da CGD a interesses, nomeadamente políticos, afastando-se assim de uma gestão bancária profissional".

 

E continua: "Não posso deixar de lamentar que pessoas sujeitas a sigilo bancário prestem informaçao deturpada sobre clientes da CGD". 

 

A auditoria da EY à gestão da Caixa Geral de Depósitos, e que analisa o período entre 2000 e 2015, revelou que o banco público tinha uma exposição a Joe Berardo e à Metalgest, empresa do seu universo, de mais de 300 milhões de euros.

 

Os empréstimos a Joe Berardo serviram para financiar a compra de ações do BCP cuja garantia eram as próprias ações. Títulos que acabaram por desvalorizar de forma acentuando, gerando perdas significativas para o banco estatal.  

 

Estes créditos acabaram por levar a Deloitte, auditora da CGD, a fazer vários alertas tanto à administração como ao Banco de Portugal, tal como o Negócios avançou. Estes avisos começaram em 2008 e repetiram-se ao longo dos anos. 

 

Entretanto, a CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros. A ação tem como executados o empresário José Manuel Rodrigues Berardo (conhecido por Joe Berardo), a Fundação José Berardo, a Metalgest e a Moagens Associadas. Um dos objetivos da ação é aceder às obras de arte da Coleção Berardo, sobre a qual o empresário tem um acordo com o Estado que determina que as obras de arte estejam em exposição no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, até 2022, não podendo ser vendidas. 

 

As obras de arte de Joe Berardo foram alvo de uma avaliação por parte de uma galeria de arte estrangeira, em 2009, que concluiu que valiam mais de 500 milhões de euros. Isto depois de a Christie's ter avaliado as mesmas obras, em 2006, em 316 milhões de euros.

 

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