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Bloco diz que Berardo "deu o golpe" e Costa lamenta "desplante" do comendador
A coordenadora bloquista Catarina Martins lamentou a prestação de Joe Berardo na comissão parlamentar da semana passada e o primeiro-ministro lamentou o "desplante" com que o comendador esteve no Parlamento.
Joe Berardo voltou a estar presente no Parlamento, não pessoalmente mas na discussão motivada pelo Bloco de Esquerda contra o "gangsterismo financeiro" de uma certa elite portuguesa. A coordenadora do Bloco, Catarina Martins, recordou que para casos como o de Berardo acontecerem "não bastam bandidos, é preciso negligentes e cúmplices", aludindo à gestão dos bancos que concederam créditos ao comendador, designadamente a administração da Caixa Geral de Depósitos que incluía pessoas do "PS e também do CDS".
Durante o debate quinzenal que decorre esta segunda-feira, 13 de maio no Parlamento, Catarina Martins considerou que Berardo esteve sexta-feira no Parlamento a "rir-se dos portugueses como antes fizeram Oliveira e Costa e Salgado" para concluir que o madeirense "deu o golpe" chamando novos acionistas à coleção Berardo para evitar a penhora dos bens.
"O país está seguramente todo chocado pelo desplante com que o senhor Joe Berardo respondeu nesta Assembleia da República", reagiu o primeiro-ministro. Dizendo não querer falar das anteriores administrações da CGD, António Costa esclareceu que a atual gestão do banco público, "noemada por este Governo", acionou Berardo para "pagar o que deve à Caixa".
Costa disse esperar que a "justiça funcione" e não vislumbrar nenhuma "razão para que a Caixa perdoe qualquer tipo de créditos".
Em resposta à pergunta de Catarina Martins acerca do motivo que teria levado o Governo a "deixar de ter a opção de compra" relativamente à coleção Berardo, António Costa assegurou que no protocolo assinado o Executivo "não abdicou de qualquer opção de compra".
Catarina Martins continuou argumentando que o Governo deixou cair uma cláusula determinante para a fixação de um preço justo pela coleção, deixando o Estado à mercê do comendador, ao que Costa ripostou com nova garantia, desta feita de que "o preço não é fixado unilateralmente pela associação detentora das obras da chamada coleção Berardo".
Mesmo não querendo imitar o humorista Ricardo Araújo Pereira (que este domingo satirizou a passagem de Berardo pelo Parlamento), o primeiro-ministro acrescentou que o protocolo em causa "define bem os critérios para determinar o preço".