Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Berardo: "Nunca participei num assalto ao BCP"

José Berardo pediu empréstimos à CGD para comprar ações do BCP, dando os próprios títulos como garantia dos créditos.

10 de Maio de 2019 às 15:38
  • ...

José Berardo garante que as instituições que representa reforçaram a posição no BCP para garantir apoio ao poder existente. Ou seja, à gestão de Paulo Teixeira Pinto. Para o comendador, nunca participou em nenhum "assalto" ao banco. 

 

"Nunca participei num assalto ao BCP", afirma Berardo numa declaração inicial, lida pelo seu advogado, na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD. 

 

"As instituições que represento reforçaram a posição no BCP para garantir o apoio à gestão de Paulo Teixeira Pinto, numa época em que o engenheiro Jardim Gonçalves tentativa assumir as rédeas do poder", acrescenta o comendador. 

 

De acordo com José Berardo, com a "derrota desta pretensão do engenheiro Jardim Gonçalves na assembleia geral do banco de 28 de maio de 2007, Paulo Teixeira Pinto tinha um conselho de administração dividido". E continua a explicar: "Antes de assinar a proposta de destituição de determinados administradores do BCP perguntei a Paulo Teixeira Pinto se estava com os acionistas até ao fim" e o gestor "deu a sua palavra que sim", mas "dois meses depois saiu". Neste cenário, "criou-se uma situação de impasse na governação do BCP".

CGD é que propôs empréstimo ao comendador

José Berardo diz que foi o ex-diretor de grandes empresas da CGD, Cabral dos Santos, que o contactou e propôs que comprasse ações do BCP com crédito do banco estatal.

"Está escrito que foi a Caixa que propôs o negócio do BCP", afirmou o comendador. Mas quem foi a pessoa?, insistiu o deputado Virgílio Macedo."Foi Cabral dos Santos", revelou. "Não sei com quem é que ele negociava internamente", acrescentou.

Mais tarde, Berardo afirmou que "foi o BCP que pediu para ver se podia ajudá-los". Houve, depois, uma "reunião com a CGD". 

 

A auditoria da EY à gestão da Caixa Geral de Depósitos, e que analisa o período entre 2000 e 2015, revelou que o banco público tinha uma exposição a Joe Berardo e à Metalgest, empresa do seu universo, de mais de 300 milhões de euros.

 

Os empréstimos a Joe Berardo serviram para financiar a compra de ações do BCP cuja garantia eram as próprias ações. Títulos que acabaram por desvalorizar de forma acentuando, gerando perdas significativas para o banco estatal.  

 

Estes créditos acabaram por levar a Deloitte, auditora da CGD, a fazer vários alertas tanto à administração como ao Banco de Portugal, tal como o Negócios avançou. Estes avisos começaram em 2008 e repetiram-se ao longo dos anos. 

 

Entretanto, a CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros. A ação tem como executados o empresário José Manuel Rodrigues Berardo (conhecido por Joe Berardo), a Fundação José Berardo, a Metalgest e a Moagens Associadas. 

(Notícia atualizada às 16h13 com mais declarações de Berardo)

 

Ver comentários
Saber mais Metalgest Paulo Teixeira Pinto Deloitte Jardim Gonçalves Joe Berardo Fundação José Berardo
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio