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BCE exige 9 mil milhões ao Monte dei Paschi. Itália deverá injectar 6,3 mil milhões (act.)
Afinal ao Monte dei Paschi não basta uma capitalização de 5 mil milhões de euros. Para o BCE o banco transalpino necessita de cerca de 8,8 mil milhões de euros para atingir uma situação de liquidez estável. O Estado italiano deverá entrar com 6,3 mil milhões de euros.
O Banca Monte dei Paschi vai precisar de uma injecção de cerca de 8,8 mil milhões de euros. É esta a convicção expressa pelo Banco Central Europeu (BCE) em duas cartas enviadas para o Ministério italiano das Finanças e entretanto também entregues à administração do próprio banco italiano.
Segundo adianta esta terça-feira, 27 de Dezembro, o Il Sole 24 Ore, o BCE enviou ontem para Itália uma carta em que justifica que a forte deterioração das condições financeiras do Monte dei Paschi exigirá uma capitalização bem superior à prevista e já aprovada pelo Governo italiano que assentava num plano de recapitalização de 5 mil milhões de euros.
O conselho de administração do Monte dei Paschi reuniu-se na última noite para avaliar o pedido do BCE, que na passada quinta-feira terá decidido, em encontro do conselho de governadores, que afinal o terceiro maior banco do sistema transalpino precisa de uma capitalização próxima dos 9 mil milhões de euros. Fontes anónimas citada pelo Il Sole 24 Ore notam que esta decisão foi difícil e que ficou longe de garantir a unanimidade.
Estado injecta 6,3 mil milhões
Do total da recapitalização que o banco terá de fazer para cumprir com os rácios definidos pelas regras europeias, 6,3 mil milhões de euros, ou 71,6% do total, serão da responsabilidade do Estado, avança o Il Sole 24 Ore, sem adiantar onde obteve a informação. O restante montante deverá ser injectado pelos obrigaccionistas.
Com esta operação de recapitalização, o Estado italiano passará de uma participação de 4% no capital do banco mais antigo do mundo, para mais de 67%, adianta o mesmo jornal italiano.
Acções suspensas desde sexta-feira
O último dia de negociação das acções do Monte dei Paschi foi na quinta-feira, 22 de Dezembro, dia em que o banco italiano anunciou que não conseguiu reunir os cinco mil milhões de euros de que precisava. O Governo reuniu-se e aprovou um pacote de ajuda à banca no valor de 20 mil milhões de euros.
Depois de o Monte dei Paschi ter chumbado nos testes de stress levados a cabo pelo BCE no Verão passado, numa avaliação que determinou necessidades de capital de cerca de 5 mil milhões de euros, a instituição liderada por Mario Draghi considera agora que a dimensão do banco e o volume crescente de crédito malparado do banco obrigam a uma maior injecção de capital. A diferença poderá residir no peso relacionado com a dívida subordinada do banco.
O Il Sole 24 Ore escreve ainda que a avaliação feita pelo BCE foi em tudo idêntica àquela já adoptada nos anos mais recentes pela autoridade europeia no que diz respeito à banca da Grécia. Na semana passada chegou a ser escrito na imprensa italiana que o BCE havia rejeitado o pedido de dilatamento do prazo (até meados de Janeiro) para o processo de recapitalização feito pelo Monte dei Paschi por considerar que a liquidez do banco não chegava para, no âmbito do cenário mais adverso, aguentar a instituição para lá do primeiro trimestre de 2017.
O Governo italiano agora liderado por Paolo Gentiloni aprovou na semana passada um resgate ao Monte dei Paschi, a ser enquadrado num plano mais abrangente destinado a garantir a estabilidade do sector financeiro do país. O Executivo de Gentiloni já recebeu luz verde do Parlamento para se poder endividar em 20 mil milhões de euros para apoiar os bancos mais necessitados de capital, desde logo o Monte dei Paschi.
Este foi um plano de recurso ao falhanço do processo de capitalização de 5 mil milhões de euros do Monte dei Paschi, que tinha té ao final deste mês para, em conformidade com as regras europeias, finalizar a sua recapitalização. O banco foi incapaz de assegurar a participação de um accionista de referência no plano, levando o Governo a procurar uma solução que em certa medida contraria as novas regras europeias, que determinam que sejam os obrigacionistas e accionistas a assumir o peso do resgate e não os contribuintes.
(Notícia actualizada às 9:14 com informação sobre o montante que deverá ser injectado pelo Estado)