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Itália protege obrigacionistas de retalho no resgate do Monte de Paschi  

As acções e obrigações do Monte dei Paschi estão suspensas de negociação depois do banco italiano ter solicitado ajuda ao governo para se recapitalizar. Os detentores dos títulos de dívida garantem grande parte ou mesmo a totalidade do investimento.

O Monte dei Paschi, o banco mais antigo do mundo, também tem sentido a pressão devido à exposição a activos de risco. O banco procura novos investidores e parceiros para vender carteiras de crédito de menor qualidade de forma a aliviar o fardo que estes representam para o seu balanço. As acções descem 52,68% em 2016.
Bloomberg
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O Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS) deitou ontem a toalha ao chão no objectivo de se recapitalizar sem recorrer a ajuda estatal, tendo o Governo italiano já aprovado o decreto que permite a intervenção do Estado nos bancos em apuros.

 

Estes últimos desenvolvimentos ocorreram ontem à noite e torna inevitável o resgate do banco italiano, que solicitou um aumento de capital cautelar a subscrever pelo Estado, que já controla 4% do capital do BMPS.

 

Apesar dos contornos em que se vai desenrolar a operação não serem ainda públicos e oficiais, de acordo com a Bloomberg a solução do executivo italiano protege os particulares que investiram nas obrigações do BMPS.

 

Os detentores de títulos Tier 1 (sobretudo investidores institucionais) vão receber acções que equivalem a 75% do valor nominal das obrigações. Já os detentores de títulos Tier 2 (sobretudo investidores de retalho) vão mesmo receber 100% do valor nominal em acções. Posteriormente, estas acções podem ser trocadas por títulos de dívida sénior, que têm uma maior garantia de reembolso.

 
"A protecção dos pequenos aforradores é total", assegurou o ministro das Finanças, Pier Carlo Padoan. São 40 mil os investidores que detêm em carteira obrigações do BPMS.

As novas regras europeias obrigam os resgates dos bancos a limitar as perdas para os contribuintes, pelo que os detentores de dívida e acções são obrigados a sofrer perdas.

 

O Governo vai assim avançar para uma solução que protege os detentores particulares de títulos de dívida do banco, depois de já ter garantido que os depositantes não iriam sofrer perdas se o Paschi fosse resgatado. Quanto aos accionistas, não se sabe ainda o que vai acontecer, sendo que as acções e as obrigações do banco estão suspensas de negociação até ser anunciado o resgate. Ontem as acções afundaram 7,48%, elevando para 87,76% a perda acumulada no ano. Ainda assim, o banco apresenta uma capitalização bolsista de 442 milhões de euros.

 

O primeiro-ministro italiano garantiu que o plano do Governo italiano para intervir na banca tem o aval de Bruxelas e o ministro das Finanças afirmou que o pacote aprovado pelo Conselho de Ministros "assegura as necessidades de capital do BMPS e permite ao banco prosseguir com o seu plano de negócios. É preciso agora saber se outros bancos necessitam de ajuda".

 

O Estado italiano tem pronto um pacote de 20 mil milhões de euros para recapitalizar os sistema financeiro italiano, que tem enfrentado dificuldades devido ao elevado nível de crédito malparado.

 

Assumindo que os 20 mil milhões de euros deste pacote de ajuda à banca são usados no próximo ano, isso corresponderá a cerca de 1,2% do PIB de Itália, "tornando altamente improvável que o país consiga cumprir os compromissos de gestão da dívida nos termos das regras orçamentais da União Europeia", adverte o Financial Times.

 

"São boas notícias, finalmente estamos a caminho de uma solução", afirmou à Bloomberg Jacopo Ceccateli, analista de uma corretora em Milão, acrescentando que "Itália está a fazer agora o que outros países fizeram há vários anos".

 

O mercado também está a aplaudir a solução, com os bancos italianos a negociarem em alta na bolsa de Milão.

 

(notícia actualizada às 9:20 com mais informação)

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