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Padoan critica avaliação “opaca” do BCE das necessidades do Monte dei Paschi
O ministro italiano das Finanças diz que o BCE deveria ter justificado por que fixou em 8,8 mil milhões de euros as necessidades do Monte dei Paschi, na medida em que essa avaliação "tem consequências para outros bancos".
O ministro italiano das Finanças, Pier Carlo Padoan (na foto), criticou o Banco Central Europeu (BCE) por ter avaliado as necessidades do Monte dei Paschi em 8,8 mil milhões de euros, sem dar informações adicionais que justifiquem esse valor.
"Além de uma carta de cinco linhas e três números, teriam sido úteis algumas explicações", afirmou o governante numa entrevista ao Il Sole 24 Ore, citada pela Bloomberg.
Padoan refere-se à carta enviada pelo BCE para Itália, esta segunda-feira, em que a autoridade monetária antecipa que o terceiro maior banco do país vai precisar de uma injecção de 8,8 mil milhões de euros devido à deterioração das condições financeiras, um valor superior aos 5 mil milhões de euros do plano de recapitalização inicial, que fracassou na semana passada.
O ministro italiano das Finanças considera que este foi um movimento "opaco" por parte do BCE, que leva as pessoas "a pensar que há algo de errado". "Teria sido útil receber informações adicionais do BCE sobre os critérios utilizados para essa avaliação, uma vez que tem consequências para outros bancos", acrescentou.
O jornal italiano adiantava ainda que, do total da recapitalização que o banco terá de fazer para cumprir com os rácios definidos pelas regras europeias, 6,3 mil milhões de euros, ou 71,6% do total, serão da responsabilidade do Estado. O restante montante deverá ser injectado pelos obrigacionistas.
Alemanha quer que Itália cumpra as regras europeias
A entrada do Estado italiano no Monte dei Paschi já mereceu um comentário de Berlim, onde o Governo alerta para a necessidade de cumprir as regras europeias.
Segundo o ministério alemão das Finanças, o BCE e a Comissão Europeia devem garantir que as autoridades italianas cumprem as regras ao ajudar os bancos do país.
"A recapitalização cautelar dos bancos através do Governo pode ser parte de uma solução apenas em circunstâncias excepcionais e em condições apertadas", diz o ministério alemão das Finanças, num email citado pela Bloomberg.
O organismo liderado por Wolfgang Schäuble lembra ainda que "o banco em questão deve ser solvente" e que "os fundos estatais não devem ser utilizados para cobrir perdas previsíveis".
Recorde-se que, para apoiar o sector bancário, o Governo de Paolo Gentiloni criou um fundo de 20 mil milhões – que recebeu luz verde do Parlamento e o aval de Bruxelas – através do qual irá injectar dinheiro no Monte dei Paschi.