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Weidmann com dúvidas sobre resgate do Monte dei Paschi
O presidente do banco central alemão nota que o plano governamental de resgate do Monte dei Paschi tem que ser aplicado com cuidado e que o banco tem de ser viável no seu negócio "core". Weidmann avisa que o dinheiro do resgate não pode servir para cobrir perdas previstas para o futuro.
O presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, mostra-se receoso acerca da forma como o resgate do Banca Monte dei Paschi vai ser aplicado, temendo as muitas questões ainda por explicar e que deste processo possa resultar um período de severa turbulência económica.
Em entrevista publicada esta segunda-feira, 26 de Dezembro, pelo jornal Bild, e citada pela agência Reuters, Weidmann avisa que para as "medidas planeadas pelo Governo italiano" terem sucesso a instituição tem de estar "financeiramente saudável na [sua área de negócio] core".
Ou seja, Weidmann teme que o Monte dei Paschi não seja uma instituição financeiramente viável, mesmo depois de concretizada a capitalização tornada inevitável depois de o banco ter registado os piores resultados nos testes de stress levados a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE).
Jens Weidmann alerta que os meios financeiros públicos não poderão ser utilizados para cobrir antecipadamente potenciais perdas futuras da banca. Este alerta surge depois da aprovação pelo Parlamento italiano da possibilidade de o Estado se endividar num montante de 20 mil milhões de euros por forma a apoiar os bancos que venham a mostrar necessidades de capital - sabe-se, por exemplo, que há diversos bancos de média dimensão com problemas de liquidez.
Tendo em conta todos os riscos em torno do resgate ao terceiro maior banco do sistema transalpino, o governador da autoridade monetária germânica considera que "é preciso analisar tudo com muito cuidado", até porque os fundos públicos que vierem a ser injectados no Monte dei Paschi têm de ser encarados como "último recurso".
Weidmann recorda que as novas regras europeias – que vão no sentido de as perdas derivadas de resgates ao sector financeiro terem de ser assumidas primeiramente pelos accionistas e obrigacionistas – servem "especialmente para proteger os contribuintes e responsabilizar os investidores".
Confirmado o fracasso do plano de recapitalização de 5 mil milhões de euros do Monte dei Paschi – que tinha até 31 de Dezembro para terminar o processo, isto depois de o BCE ter rejeitado dilatar o prazo até meados de Janeiro – o Governo italiano aprovou já na sexta-feira um decreto-lei que enquadra o resgate ao Monte dei Paschi, a maior intervenção feita pelo Estado transalpino a um banco nas últimas décadas.