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Tensão Renault-Nissan cresce e protegido de Ghosn fortalece-se

Enquanto a Renault mantém a confiança no CEO, a Nissan poderá afastar Ghosn.

21 de Novembro de 2018 às 20:30
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As tensões entre a Nissan Motor e a Renault sobre o futuro da parceria para o fabrico de carros vieram à tona num momento em que a queda do presidente Carlos Ghosn agita a indústria automóvel e o seu braço-direito, Hiroto Saikawa, avança para consolidar o poder na sua ausência.

 

As duas empresas, que estão ligadas através de uma estrutura complexa de participações cruzadas e fabrico conjunto, reagiram de maneira drasticamente diferente à prisão de Ghosn no Japão devido a suspeitas de crimes financeiros.

 

Na terça-feira à noite, em Paris, o conselho da Renault absteve-se de demitir o executivo franco-brasileiro e pediu à Nissan que entregasse os detalhes dos alegados delitos. A Nissan, por outro lado, afirmou depois que Ghosn foi detido na segunda-feira, que pretende demitir Ghosn, de 64 anos, da presidência - agindo com uma pressa que alimentou versões de que o gestor foi vítima de um golpe de Saikawa, que é CEO da Nissan, e de outras pessoas que se opõem a uma maior integração entre as duas empresas.

 

O conselho da Nissan vai reunir-se esta quinta-feira, 22 de Novembro, para tomar uma decisão formal sobre o futuro de Ghosn.

 

Por sua vez, o conselho da Renault indicou que desconhecia os detalhes das acusações contra Ghosn. "Nesta etapa, o conselho não está em condições de comentar as evidências aparentemente reunidas pela Nissan e pelas autoridades judiciais japonesas contra o Sr. Ghosn", afirmou o conselho em comunicado.

 

Sem caução

Ghosn, um dos executivos mais bem pagos de França e do Japão, é acusado de não ter declarado rendimentos de cerca de 44 milhões de dólares e de ter usado indevidamente fundos da empresa na Nissan. De acordo com a NHK, a Nissan pagou "somas enormes" para residências de Ghosn em quatro cidades do mundo, pagamentos que, segundo a estação, não tinham justificação comercial, e também cobriu o custo de férias da sua família. Ghosn não fez declarações sobre nenhuma das acusações nem foi visto em público desde que foi preso.

 

Tensões

O que está em jogo é mais do que o futuro pessoal de Ghosn.

 

O carismático executivo liderava a Nissan e a Renault, além de uma aliança mais ampla, que une as icónicas empresas francesa e japonesa com a Mitsubishi Motors, uma empresa de menor dimensão. Ghosn tinha trabalhado em prol de uma fusão da Nissan e da Renault para solidificar o relacionamento de duas décadas das duas empresas. Esta união criaria uma rival directa para a Volkswagen e para a Toyota Motor pelo título de maior fabricante do mundo.

 

Mas Saikawa minimizou publicamente esta possibilidade este ano, o que gerou uma repreensão privada de Ghosn, o seu antigo mentor, que advertiu ao colega japonês que estes comentários poderiam minar a credibilidade da Nissan, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto.

 

Saikawa tem sido até agora o rosto da reacção da Nissan à prisão de Ghosn, tendo aparecido sozinho numa entrevista colectiva na segunda-feira, quando anunciou o plano da Nissan de destituir Ghosn. Saikawa teve palavras duras para o chefe preso. "Este é um acto que a nossa empresa não pode tolerar", disse, argumentando que uma concentração excessiva de poder nas mãos de Ghosn criou um ambiente propício para uma conduta indevida.

 

(Texto original: Ghosn's Protege Asserts Power as Renault-Nissan Tensions Deepen)

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