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Vieira da Silva estranha interesse súbito do CDS no suplemento para a reforma
O ministro da Segurança Social estranha que o CDS tenha estado mais de quatro anos no Governo e nunca se tenha lembrado de estimular a adesão ao PPR público. Agora apresenta uma medida análoga, mas que abre as portas também aos privados.
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Vieira da Silva considera que a proposta apresentada pelo CDS/PP para que se crie um "suplemento para a reforma" tem valor, mas estranha que só agora o partido de Assunção Cristas tenha despertado para o assunto, sobretudo depois de ter passado quatro anos e meio a gerir a pasta da Segurança Social.
Numa entrevista à Antena 1 que irá para o ar na íntegra esta quinta-feira, Vieira da Silva diz valorizar as medidas que estimulam a poupança individual. "E de tal maneira valorizo que fui um dos principais responsáveis que introduziu o mecanismo individual de capitalização – os certificados de reforma", em 2008.
Estes certificados de reforma, popularizados como "PPR públicos", permitem aos trabalhadores aplicarem 2%, 4% ou 6% num produto individual de poupança, em regime de capitalização, que é gerido pelo Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social. O CDS quer uma medida análoga, mas mais automática (que não exija uma inscrição própria do aderente), e que permita também que o dinheiro seja canalizado para os PPR privados.
Na entrevista que concedeu à rádio pública, e cujo excerto foi antecipado, Vieira da Silva desafia a jornalista a procurar nos discursos que o seu antecessor fez ao longo dos últimos quatro anos e meio "uma afirmação clara que valorizasse minimamente os certificados de reforma", o PPR público. "Eu nem sei se ele [Pedro Mota Soares] falou alguma vez sobre os certificados de reforma", diz o actual ministro.
Vieira da Silva questiona este súbito interesse do CDS pela matéria, e dá a resposta, sugerindo que tudo se resume, uma vez mais, ao interesse do partido em estimular a adesão dos beneficiários a produtos privados de poupança: "Porque é que nunca o valorizaram como instrumento positivo e agora vêm fazê-lo, para que, mais uma vez, entre a capitalização privada?"
Boa rendibilidade, baixa adesão
Como adianta esta manhã o Ministério da Segurança Social ao Negócios, estes certificados têm tido rendibilidades acima da média nos últimos anos (3,7% em média desde 2008), mas têm contado com fraca adesão – nem oito mil pessoas os subscreveram.
À Antena 1 Vieira da Silva revela que é um dos aforradores que aderiu a estes produtos, e que foi uma boa opção que fez. O facto de se encontrar entre uma pequeníssima minoria poderá ficar a dever-se ao facto de o produto de poupança não ter sido suficientemente publicitado nos últimos anos, sugere o ministério.
As declarações do ministro passam no dia em que o CDS/PP leva a Assembleia da República a sua proposta para um "contrato de transparência" na Segurança Social e para que seja criado um "suplemento para a reforma", deixando cair o plafonamento, uma bandeira do partido ao longo de vários anos.
Até ao momento ainda não é claro qual o sentido de voto dos deputados do PS e dos restantes partidos à proposta.