O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, um dos grandes promotores da solução política que viabilizou o Governo de António Costa e um homem central na coordenação política entre o PS, Bloco e PCP admitiu que há reformas que este governo está impedido de fazer: a privatização da Segurança Social ou a introdução do cheque ensino, exemplificou. Pedro Nuno Santos respondeu assim a Francisco Assis que, na sua intervenção aos congressistas, lamentou que o Governo viva numa "liberdade muito condicionada" e que não possa empreender reformas essenciais ao país, com o apoio do PSD. À margem do congresso e em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos quis assim sublinhar que o Governo está apenas impedido de fazer as reformas que o PSD gostaria de fazer. 

Quanto à questão europeia, onde Assis manifestou preocupações quanto às posições e "anti-europeias" do que designou de "extrema-esquerda (em alusão ao PCP e ao Bloco), Pedro Nuno Santos disse que não vê críticas ao PS. "Na Europa, assis não está a fazer uma crítica ao PS. Está quando muito a fazer uma crítica ao PCP e ao Bloco", afirmou, insistindo que os acordos assinados com os dois partidos respeitam os compromissos europeus do PS.

O também presidente da Federação de Aveiro saudou o contributo de Assis para "o debate interno", com a sua "inteligência" e "opiniões qualificadas". Porém, quando questionado sobre a "coragem" de Assis, desvalorizou: "qualquer militante não faz mais do que a sua obrigação dizer o que pensa. Se qualificarmos dizer o que se pensa de corajoso somos todos corajosos". 

PSD quer comissão para estudar reforma da Segurança Social

A discussão em torno da reforma da Segurança Social ganhou novo fôlego com a apresentação por parte do PSD de um projecto de resolução para a criação de uma comissão parlamentar que estude e promova a reforma da Segurança Social. Na sexta-feira, em conferência de imprensa, o presidente do PSD comunicou a entrega de um projecto para criar uma "Comissão Eventual para promover uma reforma estrutural do sistema público de Segurança Social", destinada a fazer "a recolha de contributos, a análise e a sistematização de medidas orientadas para a sustentabilidade financeira e socio-política de longo prazo do sistema de Segurança Social".

Em reacção, Pedro Nuno Santos afirmou à margem do congresso socialista que o PSD "só tem mau serviço para mostrar" em matéria de Segurança Social, instando os sociais-democratas a apresentar propostas. "O PSD tem de apresentar as suas soluções. Nós não conhecemos a reforma do PSD a não ser aquilo que estava no programa eleitoral, e aquilo que estava no programa eleitoral era privatização parcial e progressiva da Segurança Social", afirmou o socialista, citado pela agência Lusa.