Depois do debate de há uma semana, em que a generalidade das análises apontavam para uma certa passividade de Passos Coelho, o segundo "round" entre Passos e Costa foi bem mais animado. Houve ataques directos e bate-bocas, Passos a acusar Costa de não saber a que se referiam os números do seu programa e Costa a acusar Passos de só estar a agir de acordo com o que lhe aconselharam os seus assessores.

 

Passos Coelho começou por tentar provar que é Costa que está interessado em falar do passado. "Está sempre a regressar à mesma discussão, está mais agarrado ao passado do que eu". Depois, atacou as diferentes intervenções do socialista sobre o tratado orçamental. "Não sei se disse isso. Já disse tanta coisa e o contrário". "Se quiser ouvir, deixe-me dizer-lhe que sobre isso o PS tem feito muita demagogia mas tem sido muito pouco realista", acrescentou.

 

Costa não se ficou, e acusou Passos de não ser genuíno. "Eu sei que lhe disseram que tem que ser embirrento". Mais à frente haveria de dizer que Passos se estava a rir porque alguém o aconselhou nesse sentido, obrigando Passos a dizer: "eu penso pela minha cabeça". Sobre o passado, Costa garantiu que o PS assume as suas responsabilidades, "o senhor é que não pode passar o tempo a passar as culpas".

 

Mas um dos momentos mais caricatos chegou no tema dos impostos. Passos e Costa discorriam sobre o que pretendem fazer nesta área. E Costa desafiou o primeiro-ministro:

 

- "Conhece alguma família que pague menos impostos do que pagava? Diga-me lá".
- "Conheço muitas".
- "Era o que eu imaginava. Devem ser todos seus amigos".

 

Recorde em baixo outros diálogos marcantes do debate.

 

Passos Coelho para António Costa:

"Consegui até assumir uma parte significativa da dívida de Lisboa quando comprei os terrenos do aeroporto" - Costa: "É preciso um bocado de lata".

"Não leve a mal, o senhor parece um disco riscado. Quando a conversa não lhe convém vai ao bordão".

"Não fique nervoso nesta matéria, já que não explicou o que está no seu programa".

"Tem de dizer quais são as prestações sociais afectadas por isto. Se não sabe é porque tem um número que não sabe a que diz respeito".

Já no final do debate, reagindo a um putativo novo debate sobre Educação: "Talvez nesse debate possamos saber quais as contribuições que vão ser sujeitas a condição de recursos".

 

António Costa para Passos Coelho:

"Não é a agressividade que lhe dá razão, seria reconhecer que aquelas estatísticas e aqueles números que tão bem gosta de manobrar para sustentar a retórica confrontam-se com a realidade".

"Passos Coelho ficará na história como o primeiro-ministro que termina o seu mandato com um PIB inferior ao que herdou".

"Passos Coelho está prisioneiro do seu passado. Das promessas que não cumpriu no passado, dos falhanços das metas".

"Veja os números como deve ser. O senhor não acerta nos seus números nem nos dos outros".