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Camiões elétricos sem condutor? Continental Mabor já tem projeto aprovado
Naquela que é a maior fábrica de produção de pneus da alemã em todo o mundo saem, por hora, seis camiões nos dois sentidos entre armazém e fábrica de Famalicão. Diariamente, são carregados 90 de material para venda. Um elétrico foi já testado antes da “luz verde”.
Ainda não há data para se verem a cruzar nas ruas de Lousado os camiões elétricos da Continental Mabor, mas dentro da maior fábrica do mundo de produção de pneus da empresa alemã, a operar há três décadas, já um foi testado e o objetivo é substituir, "nos próximos anos", os restantes. E quem é que os conduz? Ninguém.
Com automatismo total na carga e descarga do material, o projeto do transporte de mercadorias sustentável da empresa foi recentemente aprovado, revelou esta quarta-feira, 15 de maio, José Gouveia, diretor de operações e logística da Continental Mabor, em Famalicão, durante a apresentação dos projetos de sustentabilidade do negócio.
A nova tecnologia tem mãos e mente "made in" Portugal – com parcerias nacionais, o objetivo é aliviar a "grande pressão" de CO2 que os camiões que transportam o material produzem, garantiu Gouveia. Por hora, circulam entre armazém e fábrica famalicenses (com uma área coberta de 314.582 metros quadrados) seis camiões recheados de pneus ou futuros pneus. Desta unidade, uma das sete áreas fabris que a alemã controla em Portugal desde a década de 90 e a maior de produção de pneus da empresa em todo o mundo, saem 90 outros carregados para venda.
Em 2023, a casa mãe garantiu ter reduzido as emissões de dióxido de carbono em 31 mil toneladas. Por cá, o caminho é o mesmo. "A estratégia Visão 2030 da Continental tem sido um motor dos investimentos da empresa em Lousado, que totalizaram cerca de 150 milhões de euros nos últimos dois anos (ou mais de 200 nos últimos três anos)", afirmou a empresa liderada por Pedro Carreira, em comunicado. Dentro da estratégia está também a ambição em duplicar os atuais 104 trabalhadores do Centro de Soluções (armazém) até 2026.
Com isto, as emissões de CO2 do negócio nortenho dos pneus estão a metade daquilo que é a quota da concorrência, assumiu o diretor de operações. Além disso, "em alguns anos", a unidade de onde sai a mega produção anual de cerca de 19 milhões de pneus terá "10% de consumo de energia renovável", acrescentou. Para já, este tipo de fabrico consome metade da energia despendida na Continental Mabor. A meta para 2030 é mais ambiciosa: que o consumo energético seja 20% menor do que era em 2018.
A fábrica da quarta maior exportadora nacional, que emprega 2.706 trabalhadores dos 3.700 em Portugal, quer em 2040, "o mais tardar", ser totalmente neutra em carbono na produção de pneus e, dez anos depois, ter toda a cadeia de abastecimento com produção verde – com material 100% sustentável.
Vendidos mais de 45 mil pneus "verdes" só aqui fabricados
A produção de pneus da Continental está espalhada entre 16 países e 20 centros de operações, mas é na freguesia de Lousado que o pneu mais sustentável do mercado, o UltraContact NXT é, exclusivamente, produzido.
Em 2023, o equipamento, que assegura mais "resistência e longevidade", explicaram os engenheiros alemães durante a apresentação desta quarta-feira, foi vendido mais de 45 mil vezes para 18 mercados internacionais.
Apesar de o arranque do ano da gigante alemã não ter corrido como previsto - no primeiro trimestre, o setor dos pneus da Continental "mãe" viu as receitas caírem 5% para os 3.290 milhões de euros -, o CEO da fábrica de Lousado, Pedro Carreira, garantiu querer continuar a apostar no "caminho verde", "continuar a crescer nas nossas fachadas verdes e instalar o sistema de carregamento automático das prensas de cura para reduzir os aspectos ergonômicos naquela parte da nossa fábrica".