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Proposta do BE para auditoria forense a créditos da CGD tem apoio para avançar
Além da auditoria pedida pelo Governo, de que dependerá o valor do aumento de capital na Caixa Geral de Depósitos, os partidos, com a excepção do PCP, são favoráveis à auditoria pedida pelo BE à carteira de créditos.
Na discussão do projecto de resolução do Bloco de Esquerda (BE) para a realização de uma auditoria forense à carteira de crédito da CGD, PS, PSD e CDS-PP foram favoráveis, enquanto o PCP manifestou "sérias dúvidas" sobre a iniciativa". A votação é esta quarta-feira.
O projecto de resolução do BE, que recomenda a realização de uma auditoria forense à carteira de crédito da Caixa Geral Depósitos (CGD) esteve hoje em discussão na comissão parlamentar de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
"O PSD foi, é e vai ser favorável ao esclarecimento cabal dos factos que incidiram sobre a gestão dos principais bancos portugueses e, obviamente, da Caixa Geral de Depósitos", afirmou o deputado do PSD António Leitão Amaro, na comissão.
"Somos favoráveis a uma auditoria do que aconteceu na Caixa Geral de Depósitos e não votaremos contra o projecto de resolução do Bloco de Esquerda", continuou, apontando, no entanto, que o diploma tem "três limitações", pelo que alertou o BE.
Leitão Amaro apontou que o primeiro ponto do projecto, tal como está actualmente redigido, deixa de fora da auditoria, por exemplo, créditos desastrosos que tenham sido perdoados ou transferidos.
O deputado alertou ainda que a designação de auditoria forense pressupõe que tal iniciativa deve ser pedida pelo Banco de Portugal e adiantou que o BE "não inclui no objecto da auditoria a verificação das necessidades efectivas de capital presentes" da CGD.
Leitão Amaro apelou ao BE para que "sejam objecto desta auditoria" as necessidades de capital do banco público.
Em resposta, o deputado bloquista Paulino Ascenção disse que iria avaliar "a viabilidade de integrar a primeira sugestão" do deputado do PSD.
Também o CDS-PP manifestou-se favorável à iniciativa do Bloco de Esquerda. "Votaremos a favor da iniciativa", afirmou o deputado do CDS-PP João Almeida, seguido do deputado do PS João Paulo Correia, que manifestou a mesma intenção.
O PS "vai votar a favor amanhã [quarta-feira] em plenário", disse.
PCP é o único com dúvidas
O PCP foi o único partido a manifestar dúvidas em relação ao projecto de resolução do BE. "Temos sérias dúvidas que a Assembleia da República tenha competência" para uma auditoria forense, afirmou o deputado comunista Paulo Sá.
"Acresce ainda que corre uma comissão de inquérito, e é aí que deve ser feito o levantamento", considerou.
A iniciativa do BE vai ser votada na quarta-feira, em plenário.
O projecto do Bloco pede que a Assembleia da República recomende ao Governo, representante do accionista Estado, as diligências necessárias para uma auditoria forense às operações de crédito da CGD.
A Caixa Geral de Depósitos tem estado no centro do debate público, num momento em que está em processo de mudanças, com reestruturação do grupo e alterações na equipa de gestão, que se tem atrasado devido à falta de acordo entre o Governo e Bruxelas quanto ao aumento de capital do banco, que poderá ascender a 5.000 milhões de euros.
No final de Junho, PS, Bloco de Esquerda e PCP chumbaram o projecto do PSD e CDS-PP para a realização de uma auditoria externa à CGD e Banif por "inconstitucionalidade" e "ilegalidade" regimental. Um pedido que foi chumbado novamente na semana passada já no âmbito da comissão de inquérito à CGD.