Notícia
Marcelo viu SMS de Centeno e não gostou do que leu
Segundo o CM, Público e DN, Marcelo teve acesso às mensagens trocadas entre Centeno e Domingues e terá concluído que também havia sido enganado. Será isso que justificará a nota agressiva da Presidência que vários socialistas repudiaram. Entrega de SMS à comissão de inquérito à CGD foi travada por PS, BE e PCP.
Negócios
15 de Fevereiro de 2017 às 09:09
O Presidente da República tomou conhecimento dos SMS trocados entre o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) António Domingues, no fim de semana, depois de – escreve o Público – ter ficado em sobressalto quando ouviu António Lobo Xavier dizer a SIC-Notícias que havia SMS e outras comunicações, provando que houve não só um acordo, como uma negociação para isentar a anterior administração da Caixa de entregar as respectivas declarações de rendimento no Tribunal Constitucional.
Segundo o DN, o conteúdo das mensagens é bastante mais comprometedor do que a correspondência revelada na semana passada pelo jornal ECO e foi o detonador que levou Marcelo Rebelo de Sousa a exigir que Centeno se explicasse publicamente.
Depois da revelação dessa primeira correspondência, o Presidente da República defendeu o ministro, argumentando que "ou há um documento escrito ou não há", e foi atacado por vários dirigentes do PSD. Quando, no fim de semana, o conselheiro de Estado António Lobo Xavier lhe deu a conhecer o conteúdo dos SMS, Marcelo sentiu-se traído. "O que lhe tinha sido dito pelo ministro estava muito aquém do que revelam os sms", disse uma das fontes ao DN.
Segundo o Público, alegadamente numa dessas mensagens Centeno dizia a Domingues que a possibilidade de a anterior administração da Caixa não ter de entregar as declarações de rendimento no Tribunal Constitucional estava encaminhada e que o Governo já falara com o Presidente sobre o assunto.
Já o Correio da Manhã escreve que há dois SMS que comprometem directamente Centeno. De acordo com o CM, essas mensagens terão sido trocadas durante o Verão, quando o Governo ainda negociava com a Comissão Europeia o plano de negócios e a recapitalização do banco. As alterações legislativas ao estatuto do gestor público foram promulgadas pelo Presidente no final de Junho mas só foram publicadas em Diário da República a 28 de Julho. Marques Mendes disse na SIC que o primeiro-ministro António Costa meteu o diploma na gaveta durante um mês para que este fosse publicado no primeiro dia de férias dos deputados, de modo a passar desapercebido. Em meados de Agosto, a equipa de António Domingues tomou posse.
Terão sido esses conteúdos dos SMS, que confirmam a versão de Domingues e desmentem Centeno mas que também mostram que o Presidente estava a par do que se passava, que levaram Marcelo a divulgar um comunicado, já perto da meia-noite desta segunda-feira, em que diz "reter" a "admissão pelo senhor ministro das Finanças de eventual erro de percepção mútuo na transmissão das suas posições".
Contudo, escreve o DN, para Marcelo há mais do que um erro de percepção. Por isso, remata o comunicado a afirmar que só aceitou a "confiança" que o primeiro-ministro ainda tem no ministro das Finanças "atendendo ao estrito interesse nacional em termos de estabilidade financeira".
O comunicado do Presidente surgiu depois da nota de apoio de António Costa a Centeno e de o ministro das Finanças ter falado ao país.
Várias figuras do PS insurgiram-se ontem com a tomada de posição do Presidente. O deputado Vitalino Canas assumiu ao DN que a mensagem presidencial causou "celeuma" no partido. No blogue Causa Nossa, Vital Moreira escreveu também que "quando um ministro se sente na necessidade de pôr o seu lugar à disposição, fá-lo perante o primeiro-ministro, a quem tem de prestar contas, não perante o Presidente".
No Facebook, deputado do PS Porfírio Silva aconselhou Marcelo a "respeitar os poderes próprios e dos demais órgãos de soberania". "Não basta querer ser "presidente de todos os portugueses" para ser um bom PR [Presidente da República]. É preciso saber e respeitar os poderes próprios e os poderes dos demais órgãos de soberania".
Os partidos que apoiam o governo, PCP e BE, que ao longo desta polémica se têm mantido em silêncio, manifestaram ontem posições diferentes.
Enquanto Catarina Martins, do Bloco, defendeu Centeno, dizendo ser "tragicamente irónico" o papel do ministro das Finanças que tem dados económicos "simpáticos" para apresentar mas continua a ter de se explicar sobre uma polémica que " já devia estar encerrada", o PCP demarcou-se, com Jerónimo de Sousa a dizer que "não ponho as mãos no fogo por ninguém".
Se o Presidente da República conhece o teor dos sms trocados entre Centeno e António Domingues, os deputados podem não vir a conhecê-lo. Isto porque ontem em reunião de coordenadores da comissão de inquérito à CGD, os partidos à esquerda - PS, BE e PCP – opuseram-se a que os documentos relativos a esta polémica sejam objecto da comissão.
Segundo o DN, o conteúdo das mensagens é bastante mais comprometedor do que a correspondência revelada na semana passada pelo jornal ECO e foi o detonador que levou Marcelo Rebelo de Sousa a exigir que Centeno se explicasse publicamente.
Segundo o Público, alegadamente numa dessas mensagens Centeno dizia a Domingues que a possibilidade de a anterior administração da Caixa não ter de entregar as declarações de rendimento no Tribunal Constitucional estava encaminhada e que o Governo já falara com o Presidente sobre o assunto.
Já o Correio da Manhã escreve que há dois SMS que comprometem directamente Centeno. De acordo com o CM, essas mensagens terão sido trocadas durante o Verão, quando o Governo ainda negociava com a Comissão Europeia o plano de negócios e a recapitalização do banco. As alterações legislativas ao estatuto do gestor público foram promulgadas pelo Presidente no final de Junho mas só foram publicadas em Diário da República a 28 de Julho. Marques Mendes disse na SIC que o primeiro-ministro António Costa meteu o diploma na gaveta durante um mês para que este fosse publicado no primeiro dia de férias dos deputados, de modo a passar desapercebido. Em meados de Agosto, a equipa de António Domingues tomou posse.
Terão sido esses conteúdos dos SMS, que confirmam a versão de Domingues e desmentem Centeno mas que também mostram que o Presidente estava a par do que se passava, que levaram Marcelo a divulgar um comunicado, já perto da meia-noite desta segunda-feira, em que diz "reter" a "admissão pelo senhor ministro das Finanças de eventual erro de percepção mútuo na transmissão das suas posições".
Contudo, escreve o DN, para Marcelo há mais do que um erro de percepção. Por isso, remata o comunicado a afirmar que só aceitou a "confiança" que o primeiro-ministro ainda tem no ministro das Finanças "atendendo ao estrito interesse nacional em termos de estabilidade financeira".
O comunicado do Presidente surgiu depois da nota de apoio de António Costa a Centeno e de o ministro das Finanças ter falado ao país.
Várias figuras do PS insurgiram-se ontem com a tomada de posição do Presidente. O deputado Vitalino Canas assumiu ao DN que a mensagem presidencial causou "celeuma" no partido. No blogue Causa Nossa, Vital Moreira escreveu também que "quando um ministro se sente na necessidade de pôr o seu lugar à disposição, fá-lo perante o primeiro-ministro, a quem tem de prestar contas, não perante o Presidente".
No Facebook, deputado do PS Porfírio Silva aconselhou Marcelo a "respeitar os poderes próprios e dos demais órgãos de soberania". "Não basta querer ser "presidente de todos os portugueses" para ser um bom PR [Presidente da República]. É preciso saber e respeitar os poderes próprios e os poderes dos demais órgãos de soberania".
Os partidos que apoiam o governo, PCP e BE, que ao longo desta polémica se têm mantido em silêncio, manifestaram ontem posições diferentes.
Enquanto Catarina Martins, do Bloco, defendeu Centeno, dizendo ser "tragicamente irónico" o papel do ministro das Finanças que tem dados económicos "simpáticos" para apresentar mas continua a ter de se explicar sobre uma polémica que " já devia estar encerrada", o PCP demarcou-se, com Jerónimo de Sousa a dizer que "não ponho as mãos no fogo por ninguém".
Se o Presidente da República conhece o teor dos sms trocados entre Centeno e António Domingues, os deputados podem não vir a conhecê-lo. Isto porque ontem em reunião de coordenadores da comissão de inquérito à CGD, os partidos à esquerda - PS, BE e PCP – opuseram-se a que os documentos relativos a esta polémica sejam objecto da comissão.