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Governo de Passos e Portas cai com votos da esquerda
A moção de rejeição apresentado pelo PS foi aprovada com os votos dos partidos da esquerda parlamentar. Assim, o Governo PSD/CDS é derrubado ao fim de uma semana e meia em funções. Seguem-se agora as moções do BE, do PCP e do PEV.
Já os deputados do PSD e do CDS votaram contra a moção de rejeição. A moção foi aprovada com 123 a favor e 107 votos contra.
Como tal, Ferro Rodrigues explicou que já não "vale a pena" proceder às referidas votações, cujo efeito seria idêntico ao confirmado pela votação da moção apresentada pelo PS.
A aprovação desta moção de rejeição implica a demissão do Governo que tomou posse no passado dia 30 de Outubro. Ferro Rodrigues notou isso mesmo ao citar o artigo relativo à aprovação de uma moção de rejeição cujo efeito é o da demissão do Governo. O presidente da Assembleia da República acrescentou ainda que irá agora informar o Presidente da República, Cavaco Silva, do resultado da votação à moção de rejeição socialista.
Assim, Ferro Rodrigues será recebido por Cavaco Silva esta quarta-feira, 11 de Outubro, no Palácio de Belém, tal como disposto no nº 6 do artigo 217º do Regimento da Assembleia da República. Durante a sua comunicação, Ferro já havia citado o artigo 195º da Constituição, cuja alínea d prevê que "a rejeição do "Programa do Governo" implica a demissão do Governo em funções.
Fica agora nas mãos de Cavaco Silva a decisão sobre quem será o próximo primeiro-ministro. Depois de ouvir todos os partidos com assento parlamentar, Cavaco poderá ainda recorrer ao diálogo com o Conselho de Estado ou mesmo com os líderes da concertação social antes de tomar a decisão sobre a personalidade que irá indigitar como primeiro-ministro. Se decidir não indigitar António Costa, Cavaco Silva poderá manter Passos Coelho à frente de um Executivo de gestão, cenário que não agrada a Passos, ou então nomear um Governo de iniciativa presidencial.
O próprio António Costa, secretário-geral do PS, assumiu que compete agora a Cavaco Silva definir "qual é o calendário do exercício das suas próprias competências".
Na história democrática pós-25 de Abril de 1974, esta é apenas a segunda vez em que uma moção de rejeição ao Programa do Governo leva, efectivamente, à queda do Executivo em funções. Tal tinha apenas sucedido em 1978, com a queda do Governo liderado por Nobre da Costa.
(Notícia actualizada às 17:25)