Notícia
Montenegro desafia: “A partir de hoje só respondo a quem for tão transparente como eu”
Primeiro-ministro responde na Assembleia da República à moção de censura do Chega e às questões e dúvidas sobre a empresa familiar de consultoria e gestão.
O primeiro-ministro lançou esta sexta-feira o desafio e a promessa de responder apenas a quem for tão transparente como ele sobre os rendimentos, propriedades e origem dos mesmos, numa mensagem dirigida a André Ventura e ao Chega que apresentou a moção de censura que está a ser discutida na Assembleia da República.
"Só respondo a quem for tão transparente como eu. Ou seja, que seja capaz de fazer tudo aquilo que eu fiz", afirmou Luís Montenegro, depois de confrontado pelo deputado do Chega com várias questões sobre a constituição da empresa Spinumviva de que se afastou em 2022, quando assumiu a liderança do PSD.
"Respeitem a minha dignidade e, sobretudo, respeitem a missão que me está confiada", apelou, acusando o Chega de estar a fazer "chicana política" e por isso "ninguém está convosco", numa referência ao facto de o partido não ter apoio dos restantes partidos para fazer passar a moção de censura.
Nas explicações que deu, Luís Montenegro indicou que a acusação de conflito de interesses tendo em conta o objeto da empresa e as alterações à lei dos solos, é "absurda". "A sociedade não teve nem tem qualquer imóvel. Os imóveis que eu próprio tenho, simplesmente não têm qualquer hipótese de enquadramento nas alterações legais decididas pelo Governo para os solos", indicou.
Quanto à faturação, o primeiro-ministro revelou que em 2021 a empresa teve uma faturação 67 mil euros e resultados líquidos 18 mil euros; em 2022, uma faturação de 415 mil euros e resultados líquidos 240 mil euros. Já em 2023 a faturação atingiu 235 mil euros, com resultados líquidos 85 mil euros.
Em relação aos clientes, o primeiro-ministro explicou que "são muitos" e "pontuais", estando em causa "um grupo de comunicação social, uma fábrica de equipamentos industriais ou uma empresa de transportes de mercadorias."
Luís Montenegro indicou depois que há clientes "âncora" e com "necessidade de acompanhamento permanente". Neste lote, detalhou, estão "uma empresa de retalho, com cerca de dois mil funcionários e lojas físicas e online; uma empresa que gera unidades hoteleiras e um negócio físico e online, com cerca de 500 mil clientes; um estabelecimento de ensino privado, sem contratos com o Estado, com mais de 1.200 alunos e mais de 200 funcionários; um grupo de farmácias, com especial sensibilidade no tratamento de dados de saúde"; e ainda "um grupo industrial do ramo do aço, com centenas de funcionários, clientes e fornecedores."
Sobre a distribuição de lucros, o primeiro-ministro afirmou que "estão totalmente destinados ao investimento", apontando que a empresa tem "dois objetivos em carteira": "a eventual construção de uma adega e de uma unidade de turismo no Douro e um investimento numa eventual participação numa startup tecnológica." Assim, conclui, não "há razão fiscal".
Sobre a venda da quota à mulher, Montenegro referiu que "no dia 30 de junho de 2022, antes de assumir a presidência do PSD, libertar-me da responsabilidade primeiro de gerir a empresa e depois de assumir os encargos que advenham de deter participações sociais", garantindo que "esta transmissão é perfeitamente legal."
(Notícia atualizada às 16:03 com mais informação)