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Ventura sobre ministros com negócios no imobiliário: "Governo parece uma agência da Remax"
Na abertura do debate sobre a moção de censura, André Ventura apontou o dedo ao primeiro-ministro por "incompatibilidade patrimonial", pelo facto de uma empresa de família poder beneficiar da lei dos solos. Quer a demissão de Montenegro e de outros ministros do Governo na mesma situação.
O deputado e presidente do Chega, André Ventura, acusou esta sexta-feira o Governo de "parecer mais uma agência da Remax" devido ao número de ministros, além do primeiro-ministro, que têm ou tiveram empresas imobiliárias que podem beneficiar das alterações à lei dos solos.
"Chegámos aqui porque este Governo se tornou uma agência de empregos e não um Governo a trabalhar por Portugal. Chegámos aqui porque o Governo mais parece uma agência da Remax do que uma agência que governa Portugal", atirou André Ventura, na abertura do debate da moção de censura ao Governo.
Em causa está uma notícia do Correio da Manhã, que dá conta que a família de Luís Montenegro – a mulher e os dois filhos – tem uma empresa, a Spinumviva, que pode beneficiar das alterações à lei dos solos. Luís Montenegro foi fundador e gerente, tendo vendido a sua parte à mulher em 2022, quando foi eleito líder do PSD. No entanto, como é casado em comunhão de adquiridos, continuaria a ser o sócio maioritário da empresa.
Além de Luís Montenegro, o ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, revelou também que vendeu recentemente a quota que tinha numa empresa para evitar qualquer associação à lei dos solos, como a que levou à demissão do secretário de Estado Hernâni Dias. Além de Manuel Castro Almeida, também as ministras do Trabalho e da Justiça têm empresas com negócios no ramo imobiliário.
Sobre as suspeitas que recaem sobre o primeiro-ministro, André Ventura revelou que esta manhã ligou para o número de telefone associado à empresa Spinumviva e que o número "é do primeiro-ministro", apesar da sua parte na empresa ter passado para o nome da mulher. "Um primeiro-ministro não pode nunca estar sob suspeita", referiu, salientando que esta moção de censura deve-se à "incapacidade, falta de transparência e obstinação de um primeiro-ministro" em não prestar esclarecimentos ao país.
Para o líder do Chega, o que está em causa é "um caso de incompatibilidade patrimonial flagrantemente evidente" a envolver o primeiro-ministro. E lembra que, no caso de Hernâni Dias, foi o próprio primeiro-ministro a reconhecer que o ex-secretário de Estado tinha cometido uma "imprudência".
André Ventura acusou ainda o primeiro-ministro de ter alterado o objetivo "de uma sociedade que não ia usar" porque "sabia que podia fazer negócios nessa área". E apelou mais uma vez à demissão do primeiro-ministro: "Perante o país e um mínimo de transparência, só há mesmo um caminho: é sair enquanto ainda pode dar alguma dignidade a este Governo", frisou.