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Carlos Moedas: O "ministro" da troika que passou pelo Goldman Sachs

Carlos Moedas foi aluno de 95% no secundário. Tirou um MBA em Harvard e trabalhou no Goldman Sachs, onde conheceu António Borges que o convidou a integrar o centro de estudos do PSD. Ruma agora a Bruxelas para representar Portugal no colégio de comissários europeus.

Bruno Simão/Negócios
01 de Agosto de 2014 às 14:25
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Reforma, esta terá sido uma das palavras mais repetidas publicamente pelo novo comissário europeu nos últimos três anos. O espírito reformista acompanhou Carlos Moedas durante os três anos em que integrou o Governo de Pedro Passos Coelho.

 

O "ministro da troika" - nas palavras de João Semedo do Bloco de Esquerda - foi responsável por acompanhar o desenvolvimento do programa de assistência económica e financeira.

 

Nos últimos meses elogiou publicamente o trabalho feito pelo Governo durante os três anos de troika, e o seu trabalho ficou concluído recentemente com a saída dos credores internacionais do país, estando disponível para sair.

 

Em apenas três anos passou de um ilustre desconhecido para a maioria dos portugueses para comissário europeu da toda poderosa Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia.

 

Carlos Moedas nasceu em Beja em 1970. Filho de um histórico comunista da capital do Baixo Alentejo, Zé Moedas, co-fundador do Diário do Alentejo, o secretário de Estado nunca partilhou da ideologia política do seu pai.

 

Durante o secundário provou ser um bom aluno, como demonstram as suas notas. "Era dos melhores alunos do 9º I no liceu de Beja. Era um aluno de 95%", revelou João Carlos Bengala ao jornal Expresso, professor de matemática de Moedas durante o ano lectivo de 1984/85.

 

Licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, fez o último ano do curso na École Nationale des Ponts et Chaussées de Paris. Acabou por ficar em França até 1998, a trabalhar como gestor de projectos na área da engenharia pelo grupo Suez.

 

Em 2000 rumou aos Estados Unidos da América onde tirou um MBA (mestrado em gestão de empresas) pela Harvard Business School. De regresso à Europa, trabalhou no banco de investimento Goldman Sachs na City de Londres.

 

Foi aqui que conheceu António Borges, director europeu do Fundo, que acabou por convidá-lo para integrar o sector económico do gabinete de estudos do PSD, tendo acabado por o liderar. Tornou-se oficialmente militante do partido com a chegada de Pedro Passos Coelho à liderança em 2010.

 

Integrou a equipa do PSD que negociou em 2010 - ao lado de Eduardo Catroga - o Orçamento do Estado de 2011 e foi um dos representantes do partido nos encontros com a delegação da UE-FMI-BCE no âmbito da negociação do programa de ajustamento económico e financeiro.

 

Trabalhou no Eurohypo Investment Bank, do grupo alemão Commerzbank, e regressou a Portugal em 2004, quando começou a liderar a consultora imobiliária Aguirre Newman até 2008. Neste ano criou a empresa de gestão de investimentos Crimson Investment Management.

 

Nas legislativas de 2010 - que levaram o actual Governo ao poder - foi eleito deputado pelo PSD pelo distrito de Beja. A primeira vez que tal sucedeu desde 1995.

 

Em vários discursos, o novo comissário europeu elogiou o "esforço reformista" do Governo. "Executámos com sucesso 400 reformas do memorando, uma média de três reformas por semana", disse em Fevereiro durante uma conferência.

 

Mas pode Carlos Moedas continuar o seu esforço reformista em Bruxelas, organização que gere os destinos de mais de 500 milhões de europeus, o segundo maior bloco económico mundial?

 

A resposta será dada nos próximos anos, mas Carlos Moedas já revelou ser um homem paciente. "Um reformista tem que ser alguém que consegue ser paciente e impaciente ao mesmo tempo: paciente porque os frutos das reformas nunca são imediatos, e impaciente porque todos os dias tem de se levantar e pensar no que pode melhorar e pensar em novas reformas", disse, em Fevereiro, citando Mario Monti, ex-primeiro-ministro italiano.

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