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Janet Yellen: “Mais cedo ou mais tarde haverá riscos de optimismo excessivo”
No discurso na conferência de Jackson Hole, a presidente da Reserva Federal dos EUA incidiu o discurso sobre estabilidade financeira e regulação. Mas não houve pistas sobre o futuro da política monetária.
Janet Yellen defendeu no seu discurso na conferência de Jackson Hole que o sistema financeiro está melhor preparado para lidar com crises do que há dez anos, quando começaram os primeiros sinais da crise financeira. Mas a presidente da Reserva Federal dos EUA considera que se tem de estar pronto a agir para prevenir crises dessa dimensão. Acrescenta que ainda há trabalho a fazer. Até porque, mais cedo ou mais tarde, haverá optimismo excessivo no mercado.
"O nosso sistema financeiro mais resiliente está melhor preparado para absorver, em vez de amplificar, choques adversos, tal como ficou ilustrado em períodos de turbulência no mercado nos anos mais recentes. Mais resiliência é um apoio à capacidade dos bancos e de outras instituições financeiras em concederem crédito e, assim, apoiarem o crescimento económico tanto em boas como em más alturas", referiu Yellen, segundo o discurso colocado no site da Reserva Federal dos EUA.
Mas, numa altura em que Donald Trump tem defendido menos regulação, Janet Yellen defende que "há mais trabalho a fazer". Apontou que os estudos que têm sido feitos "sugerem que as reformas que colocámos em prática aceleraram substancialmente a resiliência sem limitar indevidamente a disponibilidade de crédito ou o crescimento económico". Ressalvou, no entanto, que muitas reformas foram implementadas apenas recentemente, e que a Reserva Federal está comprometida a avaliar o seu efeito e se necessitam de melhorias.
"Nunca poderemos ter a certeza que não ocorrem crises, mas…"
A presidente da Reserva Federal dos EUA, que chega ao fim do mandato no próximo ano, recomenda que toda a atenção é pouca no que diz respeito a evitar crises. Até porque espera que "a evolução do sistema financeiro na resposta às forças económicas globais, à tecnologia e, sim, à regulação, resultará mais cedo ou mais tarde em riscos demasiado familiares de optimismos excessivo, alavancagem" em formas que requerem resposta do ponto de vista das políticas.
E considera que essa foi uma das lições aprendidas com a crise que se iniciou há dez anos. Quanto ao futuro, Yellen diz que "nunca podemos ter a certeza que não aconteçam novas crises, mas se mantivermos estas lições frescas na nossa memória – em conjunto com o custo doloroso provocado pela crise recente – e agirmos de forma apropriada, temos razão para esperar que o sistema financeiro e a economia terão menos crises e recuperarão de qualquer crise no futuro de forma mais rápida, poupando as famílias e as empresas a alguma da dor que tiveram durante a crise que surgiu há uma década".
Durante a semana, o mercado foi alimentando a expectativa de que Janet Yellen pudesse dar indicações sobre o ritmo da subida dos juros. Mas a presidente da Reserva Federal não incidiu o seu discurso sobre os próximos passos de política monetária. O mercado fica agora a aguardar pela reunião de 19 e 20 de Setembro, para ter mais detalhes sobre o "timing" da redução do balanço e para recolher mais pistas sobre o ritmo da normalização das taxas de juro.