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Vice-presidente da Reserva Federal demitiu-se
Stanley Fischer invoca razões pessoais para o abandono do cargo. O governador da Reserva Federal era um forte opositor da intenção de Donald Trump em reverter a regulação introduzida após a crise financeira.
O vice-presidente da Reserva Federal apresentou esta quarta-feira a demissão dos cargos que ocupa, informou a autoridade monetária dos EUA em comunicado. Stanley Fischer afirma que a decisão é motivada por razões pessoais, mas eram públicas as suas divergências em relação às alterações que a Administração Trump pretende introduzir na regulação financeira.
Stanley Fischer, de 73 anos, tinha sido nomeado pelo presidente Barack Obama em Maio de 2014 e o seu mandato de governador da Fed só expirava em 31 de Janeiro de 2020. O cargo de vice-presidente terminava mais cedo, em Junho de 2018.
Na carta de demissão, o antigo governador do Banco de Israel, alega "razões pessoais" para a decisão de deixar a Reserva Federal. Stanley Fisher tem sido crítico da intenção de Donald Trump de avançar com um processo de desregulação, revertendo parte das medidas tomadas após a crise de 2008 para garantir a solidez do sistema financeiro.
Numa entrevista ao Financial Times publicada a 16 de Agosto, Fischer afirma que o poder político americano "pode estar a conduzir-nos numa direcção que é muito perigosa", a propósito da desregulação. "Toda a gente quer regressar ao ‘status quo’ anterior à crise financeira".
O presidente do Comité de Estabilidade Financeira e represente da Fed em várias entidades internacionais, escreve na carta de demissão que "informados pelas lições da crise financeira construímos sobre os passos já dados para tornar o sistema financeiro mais forte e resiliente e mais preparado para conceder o crédito que tão vital é para a prosperidade das famílias e negócios do nosso país".
A presidente da Reserva Federal, que não deverá manter-se no cargo após o fim do mandato, em Janeiro de 2018, também usou o discurso na conferência sobre política monetária de Jackson Hole para alertar para os riscos da desregulação.
A Capital Economics divulgou uma nota sobre a "inesperada" demissão de Stanley Fischer, onde considera que esta decisão "presumivelmente diminui a probabilidade de Janet Yellen ser nomeada para um segundo mandato".
Para a empresa de "research", "ainda que a demissão de Fischer possa não afectar grandemente a perspectiva para a política monetária, pode marcar, em conjunto com a nomeação de Randall Quarles para vice-presidente da área de Supervisão, uma mudança no sentido de um Conselho de Governadores mais favorável à desregulação".
No comunicado divulgado esta quarta-feira, 6 de Setembro, Janet Yellen agradece pessoalmente a amizade e o serviço prestado por Stanley Fischer. "Vamos sentir falta dos seus sábios conselhos, bom humor e fino recorte intelectual".
(Notícia alterada às 17h00 com comentários da Capital Economics)