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BCE surpreendeu e desbravou novos caminhos. Conheça os riscos

O euro afundou e depois subiu. As bolsas dispararam e depois travaram a euforia. Reacções voláteis aos anúncios do BCE que reflectem a insegurança nos mercados sobre o momento da Zona Euro e a eficácia dos estímulos do banco central.

Reuters
10 de Março de 2016 às 17:09
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O BCE avançou mais medidas de estímulo monetário, incluindo um reforço das compras mensais de títulos de dívida, e uma redução adicional das taxas de juro que aplica aos empréstimos aos bancos. Os objectivos são explícitos: baixar os custos de financiamento, incentivar o crédito à economia, e empurrar os investidores para activos com mais risco, nomeadamente acções de empresas.

O problema é que os investidores estão cada vez mais desconfiados da eficácia destas medidas do banco central. A inflação teima em manter-se baixa (foi negativa em Fevereiro), a recuperação da Zona Euro está a abrandar e há vários riscos económicos e financeiros que vêm sendo apontados ao excesso de estímulos monetários. Este cepticismo ajuda a explicar por que razão o euro e os mercados bolsistas da Zona Euro reagiram com volatilidade ao anúncio feito por Mario Draghi. Em baixo ficam os principais riscos associados à política monetária do BCE  que têm vindo a ser apontados.

1. Queda das acções da banca pressionando o sector

Foi o que aconteceu no Japão quando, no final de Janeiro, o banco central anunciou que aplicaria uma taxa de juro negativa sobre as novas reservas depositadas na autoridade monetária. A banca está este ano em perda na Europa, e têm-se multiplicado os sinais de desagrado por parte dos bancos.


2. Lucros da banca pressionados

Taxas de juro ainda mais negativas poderão afectar a rendibilidade de um sector que, na Zona Euro, ainda permanece frágil especialmente na periferia, com destaque para Itália ou Portugal.


3. Países e bancos mais frágeis são os mais penalizados

Os bancos que sofrem mais com as taxas de juro baixas e negativas são os que têm piores activos e rácios mais elevados de custos/rendibilidade e que estão em maior número na periferia da Zona Euro. 


4. Competição global por juros negativos

Já há seis bancos centrais com taxas de juro negativas (Dinamarca, Zona Euro, Suécia, Suíça, Noruega e Japão). O receio é de que outros bancos centrais sigam o mesmo caminho gerando efeitos incertos globais mais fortes. Por exemplo, alguns economistas defendem que taxas de juro tão baixas penalizam os aforradores, o que pode ter o efeito perverso de deixar as famílias com menos dinheiro para gastar. Outro exemplo: incentivos à concessão de crédito poderão levar os bancos a emprestar mesmo a famílias e empresas com baixa qualidade de crédito, afectando a estabilidade do sistema financeiro. Outro exemplo ainda: os estímulos monetários cada vez mais fortes podem ter como impacto baixar o valor das respectivas moedas contribuindo para uma crescente tensão cambial.


5. Bancos podem subir juros do crédito que concedem em vez de os baixar

O objectivo do banco central de baixar juros é tornar o dinheiro mais barato para incentivar o consumo e o investimento. O das taxas de juro negativas é incentivar as instituições a emprestar dinheiro à economia. O problema é que, para fazer face à menor rendibilidade imposta por estas medidas, os bancos podem optar por subir as taxas de juro do crédito. Esse efeito é evidente por exemplo nas comissões cobradas aos clientes que têm disparado.   


6. Bolhas em mercados de activos

Sem uma retoma evidente da economia real que possa absorver o dinheiro, a injecção de fundos e a procura de rendibilidades poderá levar os investidores a assumir mais riscos e a promover bolhas em alguns segmentos do mercado. Esse é um risco bem conhecido do passado.

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