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BCE surpreendeu e desbravou novos caminhos. Conheça os riscos
O euro afundou e depois subiu. As bolsas dispararam e depois travaram a euforia. Reacções voláteis aos anúncios do BCE que reflectem a insegurança nos mercados sobre o momento da Zona Euro e a eficácia dos estímulos do banco central.
O BCE avançou mais medidas de estímulo monetário, incluindo um reforço das compras mensais de títulos de dívida, e uma redução adicional das taxas de juro que aplica aos empréstimos aos bancos. Os objectivos são explícitos: baixar os custos de financiamento, incentivar o crédito à economia, e empurrar os investidores para activos com mais risco, nomeadamente acções de empresas.
O problema é que os investidores estão cada vez mais desconfiados da eficácia destas medidas do banco central. A inflação teima em manter-se baixa (foi negativa em Fevereiro), a recuperação da Zona Euro está a abrandar e há vários riscos económicos e financeiros que vêm sendo apontados ao excesso de estímulos monetários. Este cepticismo ajuda a explicar por que razão o euro e os mercados bolsistas da Zona Euro reagiram com volatilidade ao anúncio feito por Mario Draghi. Em baixo ficam os principais riscos associados à política monetária do BCE que têm vindo a ser apontados.
1. Queda das acções da banca pressionando o sector
2. Lucros da banca pressionados
Taxas de juro ainda mais negativas poderão afectar a rendibilidade de um sector que, na Zona Euro, ainda permanece frágil especialmente na periferia, com destaque para Itália ou Portugal.
3. Países e bancos mais frágeis são os mais penalizados
4. Competição global por juros negativos
Já há seis bancos centrais com taxas de juro negativas (Dinamarca, Zona Euro, Suécia, Suíça, Noruega e Japão). O receio é de que outros bancos centrais sigam o mesmo caminho gerando efeitos incertos globais mais fortes. Por exemplo, alguns economistas defendem que taxas de juro tão baixas penalizam os aforradores, o que pode ter o efeito perverso de deixar as famílias com menos dinheiro para gastar. Outro exemplo: incentivos à concessão de crédito poderão levar os bancos a emprestar mesmo a famílias e empresas com baixa qualidade de crédito, afectando a estabilidade do sistema financeiro. Outro exemplo ainda: os estímulos monetários cada vez mais fortes podem ter como impacto baixar o valor das respectivas moedas contribuindo para uma crescente tensão cambial.
5. Bancos podem subir juros do crédito que concedem em vez de os baixar
O objectivo do banco central de baixar juros é tornar o dinheiro mais barato para incentivar o consumo e o investimento. O das taxas de juro negativas é incentivar as instituições a emprestar dinheiro à economia. O problema é que, para fazer face à menor rendibilidade imposta por estas medidas, os bancos podem optar por subir as taxas de juro do crédito. Esse efeito é evidente por exemplo nas comissões cobradas aos clientes que têm disparado.
6. Bolhas em mercados de activos