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"Complexidade" levou BCE a não introduzir escalões na taxa de depósitos

Ao contrário do que muitos previam, a instituição monetária da Zona Euro não adoptou escalões na taxa de depósitos. Os relatos da reunião explicam, agora, que a medida foi ponderada. Mas é demasiado complexa e não havia provas de ser mesmo necessária.

Kai Pfaffenbach /Reuters
07 de Abril de 2016 às 13:18
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O Banco do Japão cortou a sua taxa de juro para negativo em Janeiro, tendo construído um esquema de escalões. O objectivo? Aliviar a penalização nos bancos mais pequenos. O mesmo era esperado do Banco Central Europeu em Março, até porque a previsão apontava para uma taxa de depósitos ainda mais negativa. Esta passou mesmo para -0,4%, mas continua a ser aplicada de igual forma a todos os bancos. É que o mecanismo seria complexo e não há provas da sua necessidade.

"Os membros também trocaram impressões sobre a possibilidade de introduzir um esquema de isenção para a taxa de depósitos aplicada aos bancos nas suas reservas em excesso", revelam os relatos da reunião de política monetária, realizada a 10 de Março. O objectivo, explica o documento, seria "um instrumento para mitigar os possíveis efeitos negativos nos lucros dos bancos e para assegurar uma suave transmissão da política monetária".

Mas os responsáveis do banco central "expressaram dúvidas em torno da complexidade geral que esse esquema assumiria do ponto de vista operacional". Além disso, "havia poucas evidências de efeitos colaterais negativos na actual conjuntura", pelo que "a introdução de um esquema de isenção não foi visto como necessário nesta altura".

O próprio corte na taxa de depósitos, por outro lado, foi visto como potencialmente negativo. "A transmissão da política monetária através da intermediação dos bancos poderá ser afectada negativamente", apontam os responsáveis nos relatos. Além de que, "num ambiente de mercado onde prevalecem as incertezas acerca do impacto das taxas negativas, [um novo corte nos juros] poderá exacerbar a volatilidade dos mercados financeiros e ter repercussões directas e negativas na confiança das famílias e empresas da Zona Euro".

O principal risco apontado era, contudo, "o aumento da pressão na rendibilidade dos bancos". Mas o BCE rejeita esta teoria, afirmando que "a combinação das medidas de política monetária adoptadas, incluindo as taxas negativas, parece ter contribuído positivamente, até agora, para a rendibilidade dos bancos". Os responsáveis da instituição monetária apontam mesmo que houve "um crescimento geral nos ganhos financeiros líquidos e da rendibilidade do capital ["return on equity", ou ROE] dos bancos durante 2015".

Mas os relatos da reunião vão mais longe, ao salientar que "as taxas de juro continuam a fazer parte do conjunto de ferramentas" que poderão ser utilizadas. Por isso, "o Conselho do BCE não descarta novos cortes nas taxas de juro, uma vez que novos choques podem alterar o cenário para a inflação". Neste sentido, concluem que "está previsto que as taxas de juro se mantenham em níveis muito baixos". 


(Notícia actualizada às 13:40, com mais informação)

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