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BCE disposto a pagar aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Conheça as medidas hoje anunciadas (act.)
O BCE voltou a carregar a bazuca e avançou com um novo pacote de estímulos monetários. Vão ser injectados 240 mil milhões de euros adicionais na economia e o BCE até está disposto a pagar aos bancos que lhe peçam dinheiro emprestado a longo prazo. Veja porquê.
O banco central gastará mais 240 mil milhões de euros de compras de activos (mais 20 mil milhões de euros por mês do que os 60 mil milhões até agora previstos, a começar em Abril) e passará a comprar também obrigações de empresas da Zona Euro com ratings em nível de investimento. Os governadores do banco central decidiram ainda taxas de juro mais negativas nos depósitos dos bancos em Frankfurt e avançaram com novos empréstimos de longo prazo (4 anos) com uma novidade surpreendente: os bancos poderão receber pelo dinheiro que peçam emprestado ao BCE, desde que emprestem acima de um determinado nível à economia. É também uma forma de compensar o que pagam por depositar no banco central as reservas em excesso. Mario Draghi explicou as medidas durante mais de uma hora.
1. A taxa de juro central baixa de 0,05% para 0%
A partir de Março de 2016 pedir dinheiro ao banco central em Frankfurt não custará rigorosamente nada aos bancos. O objectivo é tornar o custo do dinheiro ainda mais barato na Zona Euro para incentivar o consumo e o investimento. Dado que a taxa de juro central já estava próxima de 0% o impacto económico poderá não ser grande, mas é um sinal da determinação do BCE em ir ao limite das possibildades dos seus instrumentos para estimular a economia e a inflação. Chegados aqui Mario Draghi diz que não antecipa novos cortes nas taxas de juro, sinalizando que eventuais novos estímulos deverão chegar por outros instrumentos, com destaque para as compras de activos.
2. Taxa de depósito passa de -0,3% para -0,4%
O BCE colocou ainda em terreno mais negativo a taxa que cobra pelas reservas que os bancos depositam no banco central. O objectivo desta medida, que tem sido adoptada por outros bancos centrais, é o de incentivar os bancos a emprestarem dinheiro à economia em vez de o depositarem em Frankfurt. Os bancos queixam-se dos custos que tal lhes impõe, mas os responsáveis do BCE garantem que as suas medidas têm ajudado a rendibilidade dos bancos por vários canais. Na conferência de imprensa Vítor Constâncio sublinhou que as medidas do BCE baixaram os custos de financiamento dos bancos nos mercados monetários; permitiram ganhos de capital com valorização dos títulos em carteira; e ajudaram à recuperação da economia o que, por sua vez, melhorou o negócios dos bancos e baixou o crédito mal parado.
3. Mais 240 mil milhões de euros em compras de activos
Em Dezembro, o BCE prolongou o programa de compra de activos que era suposto terminar em Setembro deste ano até Março de 2017, acrescentando 360 mil milhões de euros ao valor do programa de compras inicial. Anunciou ainda o reinvestimento dos juros obtidos com as compras (avaliados em 320 mil milhões de euros). Em Março de 2016 Mario Draghi anuncia novo reforço, aumentando do volume de compras mensais de 60 para 80 mil milhões de euros, a começar em Abril. Isto equivale a mais 240 mil milhões de euros injectados na Zona Euro - os quais incluem as compras de obrigações de empresas. O sinal é claro: o BCE confia que a injecção de dinheiro na economia gera facilita a concessão de crédito, ajuda à retoma e puxará pela inflação.
4. O BCE também comprará obrigações de empresas
Além de activos do sector público, o BCE passará a comprar também obrigações de empresas da Zona Euro que tenham ratings com níveis de investimento. Com esta medida, além contribuir mais directamente para baixar os custos de financiamento por dívida do sector privado, a autoridade monetária cria incentivos para os investidores procurarem rendibilidades mais elevadas fora do segmento dos títulos de dívida.
5. BCE poderá pagar aos bancos por empréstimos de longo prazo
Finalmente, o BCE vai avançar com quatro novos empréstimos de longo prazo (maturidades de 4 anos) aos bancos (em Junho, Setemebro, Dezemebro de 2016 e Março de 2017), mas com uma novidade surpreendete: sob certas condições, o BCE está disposto a pagar aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Como até aqui, a taxa de juro destes emprésitmos será fixa e igual à taxa central no momento da operação (que desde hoje é de 0%), mas poderá ser reduzida em função do volume de empréstimos concedidos àpelos bancos economia, podendo mesmo igualar a taxa de depósitos quepassou a ser de -0,4%. Ou seja, da mesma forma que o banco central cobra aos bancos por depósitos, poderá pagar-lhes por empréstimos, desde que estes emprestem à economia. O objectivo é incentivar os bancos a recorrer aos empréstimos do BCE para emprestarem a empresas e famílias. Pelo caminho compensam em parte o custo de terem de pagar por depositarem dinheiro em Frankfurt. Os bancos poderão recorrer a estes empréstimos até um máximo de 30% do total do valor da sua actual carteira de crédito.
(Notícia actualizada às 15 horas com detalhes revelados na conferência de imprensa)