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BCE corta todas as taxas de juro e aumenta compras para 80 mil milhões
Ao contrário do que era antecipado, a taxa de referência e a taxa de refinanciamento foram revistas em baixa. O BCE também cortou a taxa de depósitos, além de ter aumentado as compras de activos para 80 mil milhões de euros por mês.
O Banco Central Europeu (BCE) voltou a cortar a taxa de depósitos, desta feita para -0,40%. Mas não só. A institutição liderada por Mario Draghi (na foto) reviu em baixa também a taxa de referência e a taxa de refinanciamento. Passaram, respectivamente, para 0% e 0,25%. Além disso, anunciou já que as compras de activos serão aumentadas de 60 mil milhões para 80 mil milhões de euros por mês, nas quais passarão também a ser incluídas as obrigações de empresas.
Depois da desilusão que protagonizou em Dezembro, o Conselho do BCE desta vez optou por não deixar créditos em mãos alheias. Não surpreendeu ao anunciar um corte na taxa de depósitos – os analistas já anteviam que pudesse passar para -0,40% ou -0,50% -, mas deixou os investidores boquiabertos com a redução das outras duas taxas de juro. Nunca a taxa de referência havia estado tão baixa.
O espanto ficou patente nas reacções imediatas nos mercados. O euro, que passara a manhã a registar quedas ligeiras, passou imediatamente a afundar. Chegou a perder um máximo de 1,20%. Também os juros da dívida soberana na periferia da Zona Euro reagiram fortemente. A taxa das obrigações portuguesas a 10 anos chegou a afundar um máximo de 17,1 pontos base para 2,99%.
Desempenhos acentuados, numa quinta-feira em que o BCE inovou também por outra via. É que, até agora, os anúncios relativos às compras de activos haviam sido feitos apenas nas conferências de imprensa (a desta quinta-feira arranca às 13:30). Mas o comunicado inicial desta reunião anunciou também que o programa de compras seria aumentado para 80 mil milhões de euros por mês.
Uma decisão que também surpreendeu. As expectativas dos analistas apontavam para um aumento das compras de activos para 70 mil milhões ou 75 mil milhões de euros. Poucos acreditavam que a instituição liderada por Mario Draghi pudesse ir tão longe. Mas a verdade é que foi ainda mais. Isto porque o comunicado acrescenta que as obrigações em euros de empresas sediadas na Zona Euro passarão a fazer parte do programa.
Mais uma novidade, com a qual o BCE consegue afastar os receios de falta de títulos nos mercados. Além disso, cria mais espaço nos balanços dos bancos (grandes detentores de obrigações de empresas), de modo a poderem aumentar a concessão de crédito às famílias e às empresas. Nesse sentido, a instituição monetária anunciou ainda que irá lançar quatro novas rondas de empréstimos de longo prazo à banca condicionados ao financiamento da economia (TLTRO).
(Notícia actualizada às 13:10, com mais informação)